quinta-feira, 1 de maio de 2025

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Mistério no Japão: mesmo alpinista é salvo duas vezes

Subir uma das montanhas mais icônicas do planeta já é um desafio por si só. Mas ser resgatado duas vezes em menos de sete dias do mesmo cume é algo que chama atenção — e levanta questionamentos sobre segurança, limites pessoais e o impacto do turismo imprudente em lugares extremos como o Monte Fuji, no Japão.

Foi exatamente isso que aconteceu com um alpinista de 27 anos, um estudante universitário chinês vivendo no Japão, que se viu em apuros duas vezes consecutivas após tentar enfrentar o Fuji fora da temporada oficial.

A primeira subida terminou com um mal súbito. A segunda, com outro resgate, dessa vez durante a tentativa de recuperar seu celular.

Mas o que poderia ser apenas mais um incidente isolado se transformou em alerta global. Afinal, o Monte Fuji é um símbolo nacional, patrimônio da humanidade e, cada vez mais, um destino turístico que testa seus próprios limites — e os de quem o desafia sem preparo adequado.

Desafio extremo em época proibida: o que deu errado?

A escalada do Monte Fuji fora da temporada oficial, que vai de julho a setembro, é altamente desaconselhada pelas autoridades japonesas. Isso porque trilhas, abrigos, banheiros e postos de emergência são fechados, e as condições climáticas se tornam imprevisíveis — e potencialmente fatais.

Ainda assim, motivado pela vontade de recuperar seus pertences perdidos — entre eles um celular — o alpinista retornou ao cume poucos dias após o primeiro resgate, apenas para, mais uma vez, precisar de ajuda. O segundo resgate ocorreu a mais de 3 mil metros de altitude.

De acordo com a polícia da província de Shizuoka, sua vida não corre risco. Mas o episódio colocou um holofote sobre os riscos de ignorar orientações básicas de segurança, especialmente em ambientes extremos como o Fuji, onde a altitude e o clima podem transformar um passeio em uma emergência em minutos.

Montanha lotada e novos desafios: o Fuji sob pressão

Embora este caso tenha ocorrido fora da temporada, ele se soma a um número crescente de incidentes que preocupam as autoridades locais.

Em 2025, novas medidas foram anunciadas para tentar conter a superlotação e reforçar a segurança. Entre elas, o aumento da taxa de escalada para 4.000 ienes (cerca de US$ 28), a exigência de reserva online e até um breve teste de segurança obrigatório.

A ideia é simples: garantir que cada pessoa entenda os riscos envolvidos antes de colocar os pés nas trilhas. Mas será que isso será suficiente?
Além da taxa, o horário de permanência também foi limitado. Aqueles que não optarem por pernoitar nos abrigos da montanha — estrategicamente distribuídos ao longo das trilhas — terão o acesso negado entre 14h e 3h.

O objetivo é evitar que aventureiros tentem subir a montanha inteira em um único dia, o que tem sido uma das causas mais comuns de incidentes.

O que o Monte Fuji pode nos ensinar sobre limites e responsabilidade

O Monte Fuji é muito mais do que um cartão-postal japonês. É um símbolo espiritual, natural e turístico que atrai centenas de milhares de pessoas todos os anos. Mas o crescimento exponencial do turismo — somado à romantização da aventura nas redes sociais — tem feito com que muitos ignorem alertas básicos de segurança.

Usar chinelos para escalar, esquecer água, negligenciar equipamentos de frio ou ignorar placas são apenas alguns dos comportamentos registrados recentemente nas trilhas do Fuji.

E casos como o do alpinista resgatado duas vezes mostram como a obsessão por registrar experiências pode custar caro — tanto para o indivíduo quanto para as equipes de resgate.

As autoridades não divulgaram se o jovem receberá alguma penalização ou cobrança pelos resgates. Mas o episódio já entrou para a lista de histórias que desafiam o bom senso em nome da persistência — ou da imprudência.

Enquanto muitos seguem em busca de superações pessoais, o Monte Fuji continua ali: imponente, desafiador e cada vez mais protegido por normas e exigências. Afinal, a preservação do “tesouro do mundo”, como o define o governador de Yamanashi, depende não só de barreiras físicas, mas também de consciência coletiva.

Subir o Fuji é, sim, um feito admirável. Mas antes de qualquer conquista, deve vir o respeito — à montanha, à natureza e aos próprios limites.

turismo.ig.com.br

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