Para além das mil e uma preocupações de qualquer viagem, a ida ao exterior reserva uma dor de cabeça em especial: o poder de compra do real. Se, em alguns casos, o próprio valor de câmbio já nos dá essa ideia, em outros, esse dado mais atrapalha do que ajuda: o fato do real valer mais de 20 ienes , por exemplo, não significa que uma viagem ao Japão seja das mais econômicas.
Na falta de um índice oficial, um valor no mínimo inusitado pode ser tomado como base de comparação: o preço do Big Mac. Sim, o lanche mais famoso da multinacional americana é frequentemente utilizado para calcular o poder de compra relativo a dois países diferentes. Esse cálculo é anualmente compilado no chamado Índice Big Mac pela The Economist , uma das mais influentes revistas de economia do mundo.
Para te ajudar, então, a decidir seu próximo destino internacional, vamos entender esse índice e descobrir onde pagar menos por dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial…
A história do índice
O Índice Big Mac foi introduzido pela primeira vez em uma edição de 1986 da revista pela economista Pam Woodall, como uma maneira bem-humorada de medir o chamado PPP (sigla em inglês para “poder de compra pareado”).
A ideia era que, sendo o McDonald’s uma companhia difundida nos mais diversos países do mundo, seria possível comparar o poder de compra entre países distintos comparando a taxa de câmbio oficial entre as moedas destes países e o preço do Big Mac em cada um deles.
Antes disso, a comparação tomava como base uma “cesta” idêntica de produtos. A questão é que, por uma série de fatores — dos socioeconômicos aos culturais — é muito difícil formar esta cesta idêntica em todos os países e por esse motivo o Big Mac se tornou uma régua comum para esse trabalho de padronização: é o mesmo produto, vendido pela mesma empresa em uma rede de produção, via de regra, idêntica.
Os cálculos que embasam o trabalho da publicação não são dos mais simples mas, em resumo: 1) o preço do BigMac de algum país é comparado ao preço em dólar do lanche; 2) o resultado é colocado ao lado do câmbio oficial ; 3) da diferença entre estes valores, se extrai o poder de compra relativo deste país.
Por exemplo: na última edição do índice, um Big Mac custava US$ 5,69 nos Estados Unidos e R$ 23,90 no Brasil. Ou seja, em valores nominais , o Big Mac brasileiro custa 4,20 vezes o americano. Assim, pelo câmbio Big Mac, o dólar deveria custar R$ 4,20 (para que a mesma quantidade de reais comprasse um Big Mac aqui e lá). Acontece que, na época, um dólar custava R$ 5,65.
Essa diferença de 25,7% é a diferença entre o nosso poder de compra e o poder de compra do americano — isso porque, na época, se convertêssemos R$ 23,90 em uma casa de câmbio oficial, teríamos US$ 4,23 dólares, o suficiente para comprar 74,3% de um Big Mac nos Estados Unidos.
Quanto custa um lanche em cada país
A última edição do índice, publicada em julho de 2024, pode ajudar a escolher países nos quais nosso dinheiro vale mais. É em Taiwan , por exemplo, que podemos encontrar o Big Mac mais barato. Para o brasileiro: R$ 1 vale quase 6 dólares taiwaneses; mas, pelo índice, sabemos que o nosso poder de compra é mais que o dobro do taiwanês.
Países como o Egito, Índia, Vietnã e a Hungria são outras opções para quem quer aproveitar o poder de compra do real. Agora, se dinheiro não for um problema, a experiência do “Big Mac mais caro do mundo” pode ser vivida em uma viagem à Suíça .
Por várias razões, o índice não pode ser usado como medida absoluta para o preço de uma viagem. A pesquisa traz, por exemplo, que é mais caro comer um Big Mac em Montevidéu do que em Londres e isso não torna o país do Príncipe Charles mais econômico do que o de Mujica.
Ainda sim, saber quanto custa fazer uma boquinha nos arcos dourados pode ajudar um pouco na hora de escolher um destino para as próximas férias.
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