sábado, 30 de novembro de 2024
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Grupo de jovens do G20 mostra que o futuro é nosso (e começa agora)

Ei, você que tá sempre ligada nas lutas e quer mudar o mundo, já parou pra pensar quem está por trás dos acordos que movem o planeta? Então vou te contar um segredo: a igualdade de gênero, se a gente deixar do jeito que está, só vai rolar daqui a mais de um século! E você sabe que não é só isso: o Brasil e o mundo enfrentam muitas outras questões urgentes, como as
mudanças climáticas

, o futuro do mundo do trabalho, e a busca pela igualdade racial.

Entender esses desafios é super importante para pensar nas soluções. A boa notícia é que tem um grupo incrível de jovens, do qual eu faço parte, lutando para que isso mude, chamado Youth 20, ou Y20, para os íntimos. E sim, estamos sentando na mesa com grandes lideranças globais para discutir essas questões, representando tantas juventudes como você que está me lendo agora!

Para contar um pouquinho de como isso tá rolando, vamos apresentar alguns dados. Em 2024, de forma inédita, o Brasil assumiu a presidência do G20, um grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, abrangendo cinco continentes e representando 80% do PIB mundial e dois terços da população global. E se engana quem pensa que a luta por igualdade de gênero caminha em lado oposto às discussões econômicas mundiais.

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Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a discriminação baseada no gênero gera um prejuízo de US$ 6 trilhões para a economia mundial, pois as desigualdades entre homens e mulheres persistem até mesmo nos países mais ricos do mundo. Se continuarmos no mesmo ritmo, a desigualdade entre homens e mulheres só será superada em 2154, segundo o Fórum Econômico Mundial. É hora de admitir o óbvio: só será possível mudar esse cenário com políticas públicas efetivas, construídas com muita participação social, ouvindo as mulheres e as populações mais afetadas pelos desafios globais
.

Por isso, o Y20 foi criado para garantir que as vozes das juventudes dos países do G20 possam influenciar a política internacional. Neste ano, o Brasil escolheu cinco jovens para representar nossas demandas e construir propostas para o futuro que queremos. E ser colocada na posição de negociar em nome das juventudes foi uma experiência transformadora. Por meses, dialogamos com jovens de mais de 20 países sobre temas cruciais como mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável, transição energética, inovação, futuro do trabalho, reforma do sistema de governança global, inclusão e diversidade, além do combate à fome, pobreza e desigualdade.

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Como mulheres jovens e negras em um país onde enfrentamos desafios diários para ter nossas vozes ouvidas e direitos respeitados, estar em uma mesa de negociações onde se decidem os destinos do mundo é carregar conosco as histórias de tantas mulheres negras que vieram antes de nós e de tantas meninas que sonham em transformar suas realidades. É honrar o passado, transformar o presente e construir o futuro. É a prova viva de que podemos romper barreiras históricas e ocupar espaços que, por muito tempo, nos foram negados.

Jovens de diversos países se uniram para pedir soluções aos chefes de Estado do G20 Marlon de Abreu/ G20/Divulgação


É uma oportunidade de mudar essa realidade, de abrir portas para outras mulheres e meninas que virão depois de nós, mostrando que é possível, que nossa voz importa e que temos o poder de fazer a diferença.
Somos a geração que está conectada, que entende a urgência das questões ambientais, sociais e econômicas que o Brasil e o mundo enfrentam. Não podemos mais esperar que as mudanças venham de cima para baixo. Nossa presença na política é uma forma poderosa de desafiar estruturas opressivas e de mostrar que as mulheres jovens não estão apenas preparadas para liderar, mas que somos essenciais para a construção de um Brasil mais democrático, justo e igualitário. Não haverá futuro inclusivo, sustentável e diverso sem a participação ativa de mulheres negras nessa construção.

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estar em uma mesa de negociações onde se decidem os destinos do mundo é carregar conosco as histórias de tantas mulheres negras que vieram antes de nós e de tantas meninas que sonham em transformar suas realidades

Os resultados dessas negociações são fruto de uma luta coletiva e incluem pedidos por empoderamento econômico de meninas e mulheres; garantia dos direitos de refugiados e migrantes, inclusive os refugiados climáticos; acesso à saúde mental; inclusão e empoderamento digital; programas de alimentação escolar; educação de qualidade; e saúde acessível a todos como direitos fundamentais.

A natureza diversa das propostas que construímos em conjunto demonstra o quanto as juventudes estão interconectadas e carregam pautas interseccionais entre si. Não basta falar “só” de juventude, vamos também falar sobre empoderamento econômico, meio ambiente, desigualdades, segurança alimentar e assistência humanitária. Demandamos trabalho digno, cidades com infraestrutura resiliente a desastres, acesso a tecnologias de descarbonização, restauração ambiental e o fim do desmatamento, além da proteção de territórios indígenas e étnico-raciais, transição energética, empregos verdes e educação ambiental.

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Queremos participação social de verdade e o bem-viver para todos os corpos. Exigimos que as juventudes sejam incluídas em instituições governamentais e intergovernamentais, o fim do colonialismo em todas as suas formas e manifestações, o combate a todas as formas de violência contra meninas e mulheres, assegurando espaços seguros; uma educação que respeite as perspectivas indígenas e combata o racismo; a promoção da dignidade menstrual e o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva.

É urgente que as lideranças políticas do G20 assumam o compromisso com o combate à toda forma de discriminação e racismo, inclusive através de políticas contra o discurso de ódio; a inclusão e acessibilidade de pessoas com deficiência e a representação política de meninas e mulheres. E conectadas com as demandas das juventudes do mundo todo, pedimos também a resolução dos conflitos mundiais e um cessar-fogo em Gaza, conflito no qual crianças e mulheres são as principais vítimas.

Essas e outras demandas precisam ser prioritárias na construção de políticas públicas eficazes de combate às desigualdades. Como jovens mulheres, acreditamos no poder das juventudes para transformar o mundo e sabemos que é preciso agir agora, com coragem e determinação, para criar o país que queremos para nós e para as futuras gerações. Para as meninas negras que olham para o futuro, saibam que nosso lugar é onde quisermos estar, inclusive nos espaços de poder, porque cada conquista nossa é uma vitória para todas.

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*Mahryan Sampaio
é a delegada brasileira do Y20 para o tema de Mudanças Climáticas, Transição Energética e Desenvolvimento Sustentável, Ativista e Diretora do Instituto Perifa Sustentável.


*Daniela Costa
é a delegada brasileira do Y20 para o tema de Inclusão e Diversidade, e Gerente de Redes e Advocacy na Girl Up Brasil.

Fonte

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