A Ascenção e o Reconhecimento das Mulheres Cientistas
Mulheres na Ciência e na Tecnologia – Legados para a Humanidade
A ascensão das mulheres em posições de liderança na ciência e tecnologia não é um fenômeno recente, mas ganha novos contornos na era digital. Se antes suas contribuições eram apagadas ou subvalorizadas, hoje protagonistas históricas e contemporâneas inspiram mudanças, mostrando que a diversidade de gênero é essencial para a inovação. Nesse texto escrito com o máximo carinho, por ocasião do dia internacional da Mulher, eu apresento alguns exemplos globais e brasileiros que ilustram uma jornada heróica, ressaltando a importância das mulheres para o avanço científico e tecnológico da humanidade.
Pioneiras Globais: Das Sombras ao Reconhecimento
Condessa Ada de Lovelace Primeiro Algorítimo do Mundo
Ada Lovelace (Inglaterra, 1815-1852): Poucas pessoas sabem que a Era da Informática tem um DNA feminino que atendia pelo título de Condessa de Lovelace. Sim, a britânica Ada Lovelace, formada em Matemática, criou o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, sendo a primeira programadora da história. Entenda, ela não foi apenas a primeira mulher a escrever um código, o que já seria um feito histórico, foi a primeira pessoa da humanidade a escrever linhas de códigos. Podemos considerar, portanto, que a inteligência matemática de uma mulher deu início a uma transformação exponencial da história, iniciando a chamada Era Digital da humanidade.
A Condessa foi uma mulher fascinante, que faleceu jovem, aos 36 anos, com a mesma idade de seu pai, Lord Byron, ao lado de quem foi sepultada. Ela tinha muito apreço pelas artes, incluindo a dança. Seu espírito era maior do que a rejeição que sofreu dos seus pais. Sonhou e escreveu livro com suas pesquisas aprofundadas sobre materiais, vapor, anatomia de pássaros etc que permitisse realizar o seu sonho de voar, após ficar um ano doente com sequelas de sarampo, usando muletas para andar. Seu desejo de extrapolar os limites físicos, tinham origem na imensa capacidade de associar o pensamento lógico, ao metafísico. Em sua perspectiva, computadores poderiam ir muito além de cálculos e processamentos de números. Sua iniciação na matemática deu-se pelo medo de sua mãe que a filha pudesse seguir o veio boêmio de Lord Byron, pai de Ada, um dos escritores da famosa obra: “Dom Juan”. Por fazer jus à fama do personagem, mantinha os mais diversos relacionamentos extraconjugais e abandonou o lar quando a menina ainda era um bebê de 4 meses.
Entre 1 842 e 1843, Ada traduziu um artigo do engenheiro militar italiano Luigi Federico Menabrea sobre a “máquina analítica”. Suas anotações extrapolaram o próprio teor original por trazer referências matemáticas minuciosas de sua própria autoria, incluindo um algoritmo por ela criado que deveria ser processado pela dita máquina analítica.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em 1980, aprovou a documentação de uma linguagem de programação, intitulada: “Ada”, em sua homenagem. No ano seguinte, o Prêmio Ada Lovelace foi criado pela Associação de Mulheres da Computação; Em 1998, foi criada a Medalha Lovelace pela Associação Britânica de Computação que passou a promover em 2008 uma competição anual para alunas. São diversas as iniciativas que homenageiam o pioneirismo desta Mulher muito a frente de seu tempo. Recentemente, em 2018, o Senado dos Estados Unidos, avaliou e instituiu por unanimidade, o dia 09 de outubro como Dia Nacional Ada Lovelace: “Honrar a vida e as contribuições de Ada Lovelace, como uma das principais mulheres em ciências e matemática”, declarou o Senador Democrata, Ron Wyden.
Henrietta Swan Leavitt (1868-1921): Astrônoma norte-americana, antecedeu ao Hubble. Calculou a distância entre as Galáxias a partir da Luminosidade das Estrelas. Sua “régua cósmica”, ampliou de forma imensa os nossos horizontes. Sem os seus cálculos, o famoso astrônomo jamais poderia ter alcançado a precisão que sustentou o estudo dos astros.
Margaret Hamilton (1936): Aos 14 anos já se dedicava a astronomia. Foi a engenheira de softwares responsável pela Missão Apollo 11, que levou o homem à Lua há cerca de 52 anos atrás.
Katherine Bouman, ou “Katie” Bouman: Doutora em engenharia elétrica e ciência da computação pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology). Foi a responsável por um grande feito na história recente da Astronomia, que permitiu a comprovação da Teoria dos Buracos Negros. No auge de seus 29 anos, em 2019, Katie liderou o desenvolvimento de um algoritmo com uma equipe de 200 Pesquisadores. O desafio consistiu em fotografar um buraco negro, provando pela primeira vez a sua existência. Ao invés de usar um Telescópio, sua criatividade permitiu utilizar dados de radiotelescópios em todo o mundo. “Fotografar uma laranja na lua, mas com um radiotelescópio. Imaginar algo tão pequeno significa que precisaríamos de um telescópio com 10 mil quilômetros de diâmetro, o que não é prático, porque o diâmetro da Terra não chega a 13 mil quilômetros”, afirmou a jovem e inovadora cientista.
Cientistas Pioneiras da Nasa
As extraordinárias mulheres negras da história espacial
É imprescindível conhecermos a história incrível de 3 mulheres negras que contribuíram muito com a história da NASA em sua hegemonia conquistada na corrida espacial. No Livro: “Estrelas Além do Tempo” (HarperCollins), que no Brasil também dá nome ao filme, podemos conhecer o pioneirismo das cientistas: Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, tanto na luta pelo espaço e reconhecimento da competência feminina em um meio dominado por homens, quanto na questão racial. Viveram situações absurdas como por exemplo a obrigação de utilizarem um banheiro que ficava fora do prédio onde trabalhavam a uma longa distância, pois a segregação lhes proibia de compartilhar o mesmo banheiro que as mulheres brancas. Destaco que Katherine Johnson, em 2015, recebeu o justo reconhecimento por suas contribuições científicas, ao ser honrada com a maior condecoração civil dada a uma pessoa pelo Governo norte-americano, a “Medalha Presidencial da Liberdade”. Em 2016, um Centro de Pesquisa com o seu nome foi inaugurado na NASA. Ela contava 97 anos. Aos 101 anos no dia 24 de fevereiro, faleceu.
Cientista Brasileira Berta Lutz
Mulheres Brasileiras: Rompendo Barreiras Locais e Globais
O Brasil também tem histórias inspiradoras, muitas vezes menos divulgadas:
Bertha Lutz (1894-1976): Bióloga e líder feminista, lutou pelo sufrágio feminino e representou o Brasil na ONU, articulando políticas de igualdade. Seu legado vai além da ciência, influenciando a luta pelos direitos das mulheres no país.
Johanna Döbereiner (1924-2000): Agrônoma pioneira no estudo de bactérias fixadoras de nitrogênio, sua pesquisa permitiu ao Brasil reduzir o uso de fertilizantes, revolucionando a agricultura tropical.
Dra.Nise da Silveira
Nise da Silveira (1905-1999): Psiquiatra, admirada por Jung, desafiou tratamentos tradicionais ao introduzir arte e terapia ocupacional, influenciando a saúde mental em ãmbito global.
Ana Paula Assis (1973-): Primeira mulher latino-americana a presidir a IBM na América Latina, promovendo soluções em IA e computação quântica.
Mayana Zatz (1947-): Geneticista à frente do Centro de Pesquisas do Genoma Humano da USP, seus estudos em doenças neuromusculares abriram caminho para terapias genéticas.
Jaqueline Goes de Jesus (1990-): Cientista que liderou a equipe brasileira no sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 em 48 horas, crucial para monitorar variantes da COVID-19.
Ester Sabino, imunologista da USP, combateu o Zika vírus em meio a cortes de financiamento.
Nina da Hora, cientista da computação, combate o racismo algorítmico e defende a ética na IA, mostrando que a inclusão é também uma luta por justiça social. Sou fã da Nina!
Educar para Transformar
Iniciativas como Programa Meninas na Ciência (CNPq) e Technovation Girls Brasil incentivam garotas a seguirem STEM. A presença de mulheres em startups de impacto, como Camila Achutti (Mastertech), que capacita jovens em programação, reforça que a mudança é sistêmica.
Gilberto Namastech – Futurista
Liderança como Legado
A era digital e a pós-digital exigem não apenas habilidades técnicas, mas diversidade de pensamento. Mulheres como Ginni Rometty (ex-CEO da IBM) e Karen Uhlenbeck (Nobel de Matemática) provam que a liderança feminina transforma setores. No Brasil, a herança de Bertha Lutz e o trabalho de Jaqueline Goes de Jesus mostram que, mesmo em contextos desafiadores, a inovação persiste.
A inclusão não é apenas uma questão de equidade, mas de sobrevivência: quem molda a tecnologia define o futuro da humanidade. E, como diz Mayana Zatz, “Precisamos de mais mulheres na ciência não para competir, mas para somar forças”. O caminho está aberto — resta acelerar a marcha.
Mulheres de todas as idades, acreditem em suas capacidades. Vocês têm o poder de transformar o mundo com suas habilidades únicas: colaboração, disciplina, gestão e a incrível capacidade de executar múltiplas tarefas com excelência. Em um mundo cada vez mais digital, essas habilidades são mais valiosas do que nunca. Não deixem que ninguém duvide do seu potencial. O futuro da ciência e da tecnologia precisa de vocês. Juntas, vocês podem construir um legado que inspire as gerações futuras.
Gratidão à todas as Mulheres por serem os Portais da Vida de toda a humanidade! Muito Obrigado às minhas antepassadas por suas histórias de superação, amor e legado!
Namastech!
Gilberto Lima Jr. é Palestrante Internacional, Consultor e Membro do Board de empresas no Brasil e no Exterior. Linkedin: Gilberto Lima Junior e Redes Sociais: @gilbertonamastech