Pavel Durov, criador do Telegram
O bilionário russo Pavel Durov, criador do Telegram, surpreendeu ao declarar que pretende deixar sua fortuna como herança dividida entre seus mais de 100 filhos, concebidos tanto de forma natural quanto por meio de doações de esperma. A revelação foi feita em entrevista à revista francesa Le Point, publicada nesta quarta-feira (19).
De acordo com Durov, todos os seus filhos – independentemente da forma como foram gerados – terão os mesmos direitos sucessórios. “Não vejo diferença entre os filhos concebidos naturalmente e aqueles gerados via inseminação artificial. São todos meus herdeiros legítimos” , afirmou à Le Point.
O fundador do aplicativo de mensagens, que hoje conta com mais de 900 milhões de usuários no mundo, explicou que seu patrimônio bilionário não será disponibilizado de imediato aos filhos, mesmo após sua morte. Ele estipulou um prazo mínimo de 30 anos antes que qualquer parte da fortuna seja liberada. Segundo ele, esse período é necessário para garantir que os filhos estejam maduros e preparados para lidar com os recursos.
A fortuna de Pavel Durov é estimada entre de US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões (entre R$ 82 bilhões e R$ 110 bilhões), e ele figura entre os principais nomes do setor de tecnologia e inovação.
“Quero evitar que heranças mal administradas destruam vidas ou incentivem comportamentos prejudiciais. Por isso, estabeleci critérios e prazos rigorosos” , disse o empresário de 40 anos.
O empresário também revelou que, após sua morte, o controle do Telegram será transferido para uma fundação sem fins lucrativos. Segundo ele, o objetivo é garantir a continuidade da plataforma de maneira autônoma, preservando seus princípios fundamentais. “Desejo que o Telegram siga existindo de forma independente, mantendo seu compromisso com a privacidade e a liberdade de expressão” , declarou.
Polêmica na França
Durante a entrevista, Pavel Durov também abordou sua detenção na França, ocorrida em agosto de 2024. O fundador do Telegram é alvo de uma investigação que apura sua possível cumplicidade em crimes como abuso sexual infantil e fraudes supostamente facilitadas pela plataforma. Durov rebateu as alegações de falta de cooperação com as autoridades e criticou as restrições judiciais que o impedem de sair do país, alegando que isso o distancia de sua família em um momento delicado.
“Fui submetido a interrogatórios intensos nas instalações da alfândega judicial. Passei quatro dias respondendo a todas as perguntas sem omitir nada” , relatou o executivo.
Ele também descreveu as condições da prisão: “ À noite, uma luz intensa permanecia acesa no quarto de sete metros quadrados onde dormia em uma cama de concreto. O espaço era limpo, mas não havia travesseiro, e o colchão não era mais espesso do que um tapete de ioga.”
O Telegram, que costuma entrar em rota de colisão com autoridades ao redor do mundo por sua postura em defesa da privacidade dos usuários, foi mais uma vez defendido por Durov como “ um bastião contra a vigilância em massa” .