A Wine South America, maior feira de vinhos e espumantes da América Latina, localizada em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, trouxe novidades. Entre os destaques, está o IA Corte I, primeiro vinho brasileiro desenvolvido com auxílio de Inteligência Artificial, produzido pela Casa Tertúlia.
A tecnologia, criada pelo engenheiro Gabriel Hilgert, utiliza algoritmos para analisar dados físico-químicos e padrões de vinhos premiados internacionalmente, sugerindo cortes ideais para aprimorar a qualidade. “A IA não substitui o enólogo, mas expande suas possibilidades, garantindo vinhos mais equilibrados e alinhados aos melhores padrões mundiais”, explica Hilgert.
“Em outras palavras, os vinhos são elaborados de maneira tradicional, e no corte em que se define a proporção de cada vinho é que atua a otimização pela IA, permitindo uma maior qualidade final, mas sempre partindo de lotes com potencial elaborados por enólogos de maneira convencional”, acrescenta ao iG Turismo.
Outra atração do sul foi a Vinícola Ruiz Gastaldo, primeira urbana do Brasil, localizada em Porto Alegre. Com produção artesanal de 4 mil garrafas anuais, a marca aposta em rótulos autorais e na tendência de aproximar o consumidor da produção, mesmo em grandes cidades. “Vinícolas urbanas já são comuns nos EUA e Europa. Queremos democratizar o acesso ao vinho”, afirma Eduardo Gastaldo, proprietário.
“O vinho acompanha a humanidade desde os primórdios e hoje a humanidade está em grandes centros. Além de encurtar a distância entre os apreciadores e a produção, as vinícolas urbanas oferecem praticidade e incentivam novos públicos a explorarem o universo do vinho sem sair das grandes cidades”, acrescenta também ao iG Turismo.
Sustentabilidade e cosméticos à base de uva
Além das bebidas, a feira destacou iniciativas sustentáveis, como a Cobucci Cosméticos, que transforma cascas e sementes de uva em produtos de beleza. “Aproveitamos subprodutos antes descartados, criando cosméticos de alta performance”, explica Margaritha Cobucci, CEO da marca.
“Nosso objetivo é traduzir a maravilha da uva em cosméticos de excelência, mantendo a essência dos elementos naturais que a natureza nos presenteia”, ela comenta.
Inovação nordestina: espumante de maracujá-da-caatinga
Enquanto o sul apresenta tecnologias de ponta, o Nordeste surpreende com um fermentado gaseificado de maracujá-da-caatinga, fruto nativo da região. Desenvolvido pela Embrapa em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a bebida segue o método tradicional de espumantes, com dupla fermentação, e já atende aos padrões do Ministério da Agricultura (Mapa).
“A fruta é resistente à seca, tem alto valor nutricional e colheita na entressafra do maracujá comum, fortalecendo a agricultura familiar”, destaca Aline Biasoto, pesquisadora da Embrapa. A variedade BRS Sertão Forte, usada na produção, oferece frutos maiores e maior rendimento, com potencial para industrialização.
O próximo passo é viabilizar a produção em escala comercial, inserindo o produto no mercado como uma opção sustentável e exótica no segmento de bebidas fermentadas.