Fazer um intercâmbio é um sonho para muitos brasileiros. Mas o estudante pode estar sujeito a alguns imprevistos ao contratar o serviço diretamente. Problemas como encerramento das aulas sem aviso prévio, acomodações diferentes do que foi combinado e até serviços que não correspondem ao que foi pago podem ocorrer.
O Portal iG conversou com dois especialistas: o presidente da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta), Alexandre Argenta, e com o especialista em Direito do Turismo, Marcelo Oliveira, para entender qual é a maneira mais segura de estudar fora do país por meio de intercâmbios.
Segundo a Pesquisa Selo Belta 2025, 82% dos brasileiros ainda preferem fechar o intercâmbio por meio de uma agência. O presidente da associação afirma que isso ocorre em razão da segurança e assistência que elas oferecem: “As agências associadas à Belta passam por um processo rigoroso de certificação e garantem respaldo jurídico e qualidade no atendimento”.
O especialista Marcelo Oliveira afirma que existe uma rota a ser seguida para encontrar uma empresa de confiança e não cair em golpes ou equívocos na hora de programar um intercâmbio.
Confira a lista os principais riscos e as medidas que todo intercambista deve adotar antes de fechar negócio, de acordo com os especialistas:
A agência deve ser legalmente registrada
Se o cliente sentir alguma dúvida a respeito do que a agência oferece, é necessário checar. Segundo Marcelo, o primeiro passo é garantir que a empresa é uma pessoa jurídica regular, com CNPJ ativo. “Quem vende programas de intercâmbio sem CNPJ comete exercício irregular da profissão, uma contravenção penal. Além disso, o estudante perde a proteção das leis brasileiras caso algo dê errado”, alerta.
Para evitar esse tipo de situação, o especialista recomenda que o cliente faça uma triagem criteriosa, verificando o histórico de atuação da empresa, as certificações que ela possui e as cartas de recomendação de instituições internacionais. Segundo o advogado, esses podem ser diferenciais na escolha por uma agência.
Confirme todos os detalhes da acomodação
A acomodação é um dos principais motivos de conflito quando o intercâmbio é fechado sem agência. Há relatos de estudantes que chegaram ao destino e encontraram residências compartilhadas por várias pessoas, quartos sem privacidade ou até locais inexistentes. Dessa forma, uma agência pode dar mais segurança, caso algo não saia como o esperado.
Pesquise a reputação da escola de destino
Quando o contrato é feito diretamente com instituições estrangeiras, o aluno corre o risco de a escola fechar, não cumprir a carga horária prometida, adotar um método de ensino diferente do vendido ou até superlotar as salas de aula. Por isso, é muito importante ir para uma instituição com boa reputação.
Caso o problema seja muito difícil de resolver, a instituição deverá ser acionada na justiça: “Em caso de problemas, o estudante que contratou direto dificilmente consegue recorrer juridicamente. Já as agências brasileiras são corresponsáveis pelos serviços intermediados”, explica Oliveira.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio, Alexandre Argenta, as escolas muitas vezes alteram os cursos e isso acaba decepcionando os estudantes. “Os casos mais comuns envolvem escolas que deixam de operar ou que alteram as condições do curso sem aviso, deixando o aluno sem alternativas ou reembolso” explica.
Esteja atento ao contrato
Antes de assinar, revise as cláusulas de cancelamento, alteração, reembolso e inclusões, garantindo que tudo o que foi prometido esteja detalhado por escrito. “A ansiedade de realizar o sonho não pode atropelar a etapa da leitura. Cada detalhe precisa estar descrito, alimentação, tipo de quarto, horários, regras e taxas extras”, orienta o advogado Marcelo Oliveira.
Os especialistas indicam ter um apoio jurídico preventivo antes de assinar. Consultar algum advogado pode ser uma vantagem quando o valor do intercâmbio é muito elevado ou o estudante é menor de idade.
Agências com certificação
O selo da agência é hoje o principal indicador de credibilidade e segurança no setor. As agências que o possuem selo de qualidade passam por avaliações constantes e seguem um código de ética e qualidade reconhecido internacionalmente.
“A Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio atua como um filtro de confiança. Quem a agência que tem um selo de qualidade passou por um processo rigoroso e cumpre os padrões legais e éticos exigidos no mercado”, reforça Alexandre Argenta.
A associação faz um serviço de monitoramento de reclamações, mantém um canal aberto com estudantes e escolas internacionais e disponibiliza uma lista atualizada de agências credenciadas em seu site.









