Neste sábado (27), São Miguel do Gostoso, cidade litorânea conhecida por suas paisagens paradisíacas e pelo espírito comunitário, será palco da 2ª edição do Festival Gostoso Gentileza.
Mais do que um evento cultural, a iniciativa propõe uma reflexão sobre a forma de viver e também a importância de cultivar gestos simples que, coletivamente, podem transformar uma comunidade inteira.
Neste ano, o festival traz o tema “Bicho, Pé de Mato e Gente Fina”, uma celebração da fauna, flora e da simpatia que marcam a identidade local.
Com oficinas, apresentações culturais e ações de impacto social, o encontro acontece no Circo Pé na Mala, a partir do pôr do sol, reunindo voluntários, artistas, moradores e visitantes em torno de um mesmo propósito: espalhar gentileza.
Logo na entrada do circo, uma pergunta chama atenção: “O que te faz sorrir?”. A resposta, segundo os organizadores, está na essência do evento, que criou até um novo indicador: o Sorriso Interno Bruto (SIB), inspirado no PIB. A ideia é medir, não, a riqueza material, mas a felicidade compartilhada.
“Seguimos para o segundo ano de Festival e a expectativa é a melhor possível. É um evento anual que celebra e exalta as grandes gentilezas de Gostoso e que se traduz no trabalho e união de toda uma comunidade mobilizada a fazer acontecer”, explica Renata Andreazze, uma das idealizadoras.
Gentileza como transformação social
Entre os destaques, estão os mutirões de limpeza nas praias, o plantio de mudas e a revitalização de espaços do circo, que já se tornou ponto de encontro cultural da cidade.
Para Renata, cada entrega é uma conquista coletiva.
“Ano passado conseguimos construir uma cabana de sapé, com piso e iluminação. Este ano, estamos realizando melhorias na Cinemateca e na Biblioteca do Circo. A cada festival, fazemos algo permanente que fica para a cidade e para as crianças”, afirma.
A mobilização, que envolve famílias, escoteiros, garis, viajantes e projetos de extensão da UFRN, tem impacto direto na vida local.
“É um grande combustível de sonho, criatividade e esperança, aplicado em cada um de nós que participa como voluntário”, destaca Renata.
Uma pausa para respirar
Para Ângela Maria da Silva e Sawê Máximo da Silva Pereira, o festival representa um convite para desacelerar e reconectar-se com o essencial.
“A gente está sempre correndo… tão exaustivamente que nem sabe direito o porquê, se realmente faz sentido e, sobretudo, se vale a pena”, refletem.
“Nessa dinâmica frenética, muita gente se perde e não se permite vivenciar as coisas simples da vida que acalantam a alma. Muitos não se dão conta, esquecem ou postergam que a gente precisa de gente, de bicho e de pé de mato para ser feliz e sustentável.”
Eles destacam que o festival consegue unir pessoas em torno de um ideal comum.
“É nessa perspectiva humanizada que o Festival Gostoso Gentileza consegue coalizar sonhos e ações de vários grupos e voluntários, proporcionando vivências singulares marcadas pela cooperação, diversidade, inclusão e gentileza. É como construir pedacinhos de utopia, capazes de inspirar uma vida mais leve, com paz, cultura e justiça social.”
Além da reflexão, Ângela também compartilha um relato pessoal: “Meu filho tem autismo leve e se tornou uma criança irreconhecível depois que o Circo começou a abrir as portas do mundo para ele. Com acolhimento e persistência, ele realizou coisas incríveis, fortalecendo nossos laços de mãe e filho e os vínculos com a comunidade.”
O olhar de quem escolheu Gostoso para viver
O festival também tem encantado novos moradores que chegam em busca de uma vida mais simples. É o caso de Tulio Araújo Alexandre, que encontrou na cidade e no festival uma oportunidade de reconexão.
“Os novos tempos, com tantos estímulos e distrações, me fizeram refletir sobre as possibilidades de ter uma vida mais orgânica, autêntica, leve e afetiva. Aqui consigo apreciar o simples, o som natural, o canto dos pássaros, o luar, as estrelas.”
“Essa conexão me revigora e me faz ser mais assertivo nas atitudes do dia a dia. Sou grato por me conectar com projetos como o Festival Gentileza”, afirma.
Mais do que festa, um movimento
Criado em 2024, o Festival Gostoso Gentileza nasceu da ideia de celebrar o Dia da Gentileza no calendário da cidade. Agora em sua 2ª edição, consolidou-se como um movimento cultural, social e afetivo que alia tradição local, responsabilidade social e participação comunitária.
A cada nova edição, o festival não apenas entrega arte, oficinas e celebrações, mas também deixa marcas permanentes na cidade: desde novas árvores plantadas até espaços requalificados para a cultura e o lazer.