A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que não irá transformar em museu a residência que serviu de cenário para o filme “Ainda Estou Aqui”, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2024. Localizado na Urca, na Zona Sul, o imóvel havia sido declarado de utilidade pública em março, logo após a conquista do prêmio.
A negociação não avançou devido à diferença entre o valor pedido pelos proprietários e a avaliação da prefeitura. Os donos do imóvel queriam R$ 18 milhões, enquanto o município avaliou a casa em R$ 13 milhões.
Um projeto que não saiu do papel
A intenção da prefeitura era transformar o imóvel na “Casa do Cinema Brasileiro”, um espaço que reuniria exposições permanentes sobre Eunice Paiva e sua família, personagens centrais do livro de Marcelo Rubens Paiva que inspirou o filme, além de uma homenagem à trajetória do Brasil no Oscar. A sede da Rio Film Commission também seria instalada no local.
A Prefeitura ainda não se pronunciou sobre a possibilidade de transferir o projeto para outro endereço.
Reconstituição de época
Construída em 1937, a residência de 480 m² foi escolhida pelo cineasta Walter Salles por sua semelhança com a casa original da família Paiva, que ficava em Ipanema e não existe mais. Durante as filmagens, o imóvel passou por adaptações para reproduzir os ambientes da década de 1970, incluindo alterações em pisos e cômodos internos.
Após as gravações, a casa foi reformada e colocada novamente à venda. O espaço conta com quatro suítes, quatro salas, piscina e elevador, despertando grande interesse de colecionadores e fãs do cinema brasileiro.
O impacto de “Ainda Estou Aqui”
“Ainda Estou Aqui”, produção original da Globoplay, marcou história ao conquistar o primeiro Oscar do Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional. No discurso de agradecimento, Walter Salles destacou a relevância da obra.
“Em nome do cinema brasileiro, é uma honra tão grande receber isso. Esse prêmio vai para uma mulher que, mesmo diante de uma grande perda sob um regime autoritário, decidiu não se dobrar e resistir”, disse ela.
O filme também concorreu nas categorias Melhor Atriz, com Fernanda Torres, e Melhor Filme, que acabaram sendo vencidas pela produção “Anora”.
O filme “Ainda Estou Aqui” retrata a trajetória da família de Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva, sequestrado e morto durante a ditadura militar. A produção é baseada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice, e mistura memória familiar e narrativa histórica sobre o período autoritário brasileiro.