Nesta quinta-feira (16), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), declarou que a Câmara “não vai aceitar esse abuso” das companhias aéreas em querer cobrar até pela mala de mão.
Ele afirmou que vai colocar em votação, com urgência, um projeto de lei que garante ao passageiro o direito de embarcar com uma mala de mão e um item pessoal sem cobrança adicional, dentro dos limites definidos pela ANAC.
A proposta a que Motra se opõe chega a beirar o absurdo, dentro da realidade do transporte aéreo no Brasil. Estamos falando de companhias que aumentam os preços constantemente, cortam benefícios e ainda tentam justificar as mudanças com o discurso de que estão “se adequando a uma nova forma de viajar” ou “competindo com as empresas low-cost”. Mas a verdade é que não existe companhia low-cost no Brasil.
Low-cost, de verdade, é o modelo europeu, onde você paga 20 euros por um bilhete de avião, e tudo o resto é opcional. Quer marcar assento? Paga. Quer despachar mala? Paga. Quer até imprimir o cartão de embarque? Paga. Mas o ponto é: o preço inicial é realmente baixo. É uma escolha.
No Brasil é diferente. As companhias tiraram serviços, mas o valor da passagem nunca caiu. Ao contrário, continuou subindo. E ainda usam o argumento de que o passageiro brasileiro estaria “se adaptando a viajar com mochila”. Quem é que viaja só com uma mochila?
O histórico depõe contra as companhias aéreas:
Isso é um insulto à inteligência do consumidor. Vamos a um histórico rápido: O passageiro já teve direito a duas malas de 32 quilos. Depois passou para uma de 23 quilos. O brasileiro se adaptou, aprendeu a viajar mais leve. Aí cortaram também. Mesmo assim, o passageiro aprendeu a se virar com uma mala de mão de 10 quilos. Agora, querem cobrar até por ela. Ou seja: a cada corte, o passageiro perde mais direitos e paga o mesmo, ou até mais caro.
Não há qualquer redução proporcional de preço, nem melhoria no serviço. Em vez disso, há filas, atrasos, cancelamentos e um atendimento cada vez mais precário.
Enquanto isso, as empresas continuam batendo recordes de ocupação e de lucro. E o consumidor, que já paga caro, ainda é tratado como se fosse o culpado por querer levar uma mala com suas próprias roupas.
É por isso que o posicionamento do presidente da Câmara é tão importante. Mais do que uma medida econômica, é uma questão de respeito. Respeito com quem viaja, com quem trabalha, com quem economiza o ano inteiro para poder embarcar num avião.
No fim das contas, o problema não é só o valor da mala. É a sensação de estar sendo enganado aos poucos, com justificativas que não se sustentam. E quando o passageiro percebe, o básico já virou luxo.