A temporada de 2025 no Monte Everest está entre as mais movimentadas da história recente, marcada por recordes, tentativas ousadas e um fluxo constante de expedições.
Mas, para o experiente montanhista Mingma David Sherpa, esse movimento intenso pode estar custando caro à montanha mais alta do planeta.
Em uma publicação recente nas redes sociais, Mingma, considerado um dos maiores nomes do alpinismo, fez um apelo a todos: é hora de repensar a forma como o Everest é explorado.
“Cheia de tentativas recordes e atividade constante que, na verdade, só serve o orgulho a curto prazo enquanto coloca imensa pressão sobre a nossa montanha sagrada.”
“É hora de refletirmos. Temos de pausar e reconsiderar a forma como nos aproximamos do Everest, não apenas para nós mesmos, mas para o futuro da montanha”, escreveu.
O alpinista também destacou preocupações que vão além da escalada em si, citando os impactos do aquecimento global e as dificuldades enfrentadas pelo povo Sherpa, muitas vezes invisíveis aos olhos dos visitantes.
“O Everest deu-nos inúmeras oportunidades, não apenas para o povo do Nepal, mas também desempenhou um papel vital no apoio à nossa economia nacional.”
Para terminar, ele pediu apoio para controlar essa situação.
“Hoje, através desta publicação, peço humildemente a todas as empresas de expedição, alpinistas e líderes da comunidade de alpinismo que levantem as suas vozes contra esta competição descontrolada, os efeitos do aquecimento global e as dificuldades muitas vezes ignoradas do povo Sherpa”, finaliza.
Quem é Mingma David Sherpa
Natural do Nepal, Mingma iniciou a carreira como carregador antes de se consagrar como um dos maiores talentos do montanhismo mundial.
Entre seus feitos, está a histórica conquista do K2 no inverno de 2021, ao lado de Nimsdai, tornando-se parte da primeira equipe totalmente nepalesa a atingir o cume de um pico de 8.000 metros nessa estação.
Mingma também foi peça-chave no “Projeto Possible”, ajudando a escalar todos os 14 picos de 8.000 m do mundo em apenas seis meses, um feito que quebrou o recorde anterior em mais de sete anos.
Aos 30 anos, tornou-se a pessoa mais jovem a alcançar todos esses cumes, título que lhe rendeu prêmios como o “Sherpa do Ano” e o prestigiado Piolet d’Or da Ásia.
Para ele, porém, o maior desafio não é atingir novos recordes, mas garantir que as futuras gerações ainda possam contemplar o Everest com o mesmo respeito e grandiosidade que ele conheceu.