terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Itália investiga esquema de venda de cidadania para brasileiros

A polícia italiana conseguiu desarticular um esquema que facilitava a obtenção da cidadania italiana.  Segundo informações da agência Ansa, a investigação durou um ano e apontou seis pessoas envolvidas, entre eles, funcionários públicos e ex-administradores que foram acusados de falsidade ideológica em atos públicos.

O esquema beneficiou cerca de 84 cidadãos brasileiros que tiveram a cidadania reconhecida  entre os anos de 2018 e 2024. Segundo o inquérito, a cidadania foi reconhecida de forma irregular para pessoas com residência em Moggio Udinese, região de apenas 1600 habitantes, na parte nordeste da Itália.

Entenda como funcionava

Segundo o Ministério Público, o esquema reconhecia de forma irregular a residência de brasileiros na cidade. Após obter o registro de moradia no município, essas pessoas aceleravam o processo e conseguiam obter a  cidadania jus sanguinis(direito de sangue). Dessa forma, cidadãos brasileiros burlaram filas nos consulados no Brasil.

Após obter o passaporte italiano, as pessoas transferiam a residência para fora da Itália novamente. A investigação também revelou que muitos ignoravam a documentação eleitoral enviada pela prefeitura de Moggio Udanese após o reconhecimento da cidadania italiana. O brasileiro e alabanesa descobertos no esquema foram acusados de oferecer contratos de aluguel, documentos falsos e assistência para viagens curtas à Itália durante o processo de obtenção do passaporte.

Segundo a investigação, os dois cobravam 6 mil euros, o equivalente a R$ 37 mil por pessoa para prestar o serviço ilegal. O valor obtido pelos dois ultrapassou 500 mil euros ou R$ 3,1 milhões, que foram depositados em constas fora da Itália, segundo a investigação. O esquema também incluía um acréscimo no valor o contratante do serviço ilegal conseguia finalizar os trâmites da cidadania sem ir à Itália.

A longo dos últimos anos, o Ministério Público Italiano e a polícia já desmantelaram algumas quadrilhas que praticam corrupção e fraudes no processo de cidadania italiana por direito sanguíneo. Muitos casos envolvem brasileiros. Segundo o Ministério Público, a grande dificuldade é que para obter o  reconhecimento da cidadania sem encarar as filas nos consulados é necessário morar na Itália por 3 meses ou mais. Por esse motivo, muitas pessoas recorrem a esquemas ilegais.

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