As gaivotas já não são apenas parte turística nas praias portuguesas. As aves estão cada vez mais presentes nos telhados, terraços, varandas e nas mesas dos restaurantes. Fazem barulho, sujam carros, roupas, além de roubar comida direto dos pratos dos turistas distraídos.

Segundo moradores da praia de Matosinhos, as vocalizações estridentes das aves não deixam ninguém dormir durante a madrugada. “O problema não é só o barulho. É a sujeira constante, os ataques e o cheiro insuportável em certos dias de calor” , conta uma moradora em entrevista a SIC Notícias.

A situação já preocupa as autoridades de saúde pública. Um estudo recente conduzido na zona do Porto encontrou Salmonela e outras bactérias resistentes nas fezes das aves recolhidas em áreas urbanas. 

Por trás do crescimento descontrolado da população de gaivotas, há um velho problema urbano: o excesso de resíduos e a má gestão do lixo. Em cidades turísticas, durante o verão, isso ganha proporções ainda maiores. E como as gaivotas encontram alimento fácil e um ambiente sem predadores naturais, se adaptaram ao estilo urbano.

O problema também atinge zonas comerciais e restaurantes junto à praia. Comer ao ar livre pode significar disputar a refeição com uma ave. “Tivemos que instalar redes e toldos, não só devido ao sol, mas para proteger os clientes das fezes. Algumas gaivotas não têm medo de nada”, diz o gerente de um café local também a SIC Notícias.

Por serem uma espécie protegida por lei, as gaivotas não podem ser abatidas nem ter seus ninhos removidos sem autorização. Isso limita bastante as medidas de controle, segundo os habitantes.

Enquanto isso, o convívio segue tenso. Para muitos moradores, especialmente nas zonas mais afetadas, o verão já não tem o mesmo sossego de antes. As gaivotas — símbolo de liberdade à beira-mar — viraram um novo desafio urbano.