A Igreja da Luz, projetada por Tadao Ando, foi inaugurada em 1989 na cidade de Ibaraki, no Japão . A obra usa luz e concreto para criar um espaço espiritual com poucos elementos e forte impacto visual. A principal marca da construção é uma cruz vazada na parede do altar, por onde a luz do sol entra e transforma o ambiente.
Considerada uma das criações mais simbólicas da carreira de Ando, a igreja foi feita com orçamento limitado e materiais simples. O arquiteto revelou ao site Metalocus que seu objetivo era mostrar que um espaço espiritual não precisa de luxo.
“ Quis abstrair a natureza ao máximo e purificar a arquitetura na mesma medida ”, afirmou.
Luz e sombra expressam o contraste entre o mundano e o sagrado
O edifício tem forma prismática e é atravessado por um muro de concreto em diagonal, criando o caminho de entrada. A estrutura externa é austera e sólida, mas o interior revela uma atmosfera silenciosa, iluminada apenas pela cruz. Essa dualidade reforça a mensagem de Ando sobre a tensão entre o material e o espiritual.
Dentro da igreja, o chão desce de forma gradual até o altar. A luz que atravessa a cruz projeta a silhueta no piso escuro. Segundo Ando, “ a luz só se torna gloriosa quando brilha contra a escuridão mais profunda ”.
Além da luz, a natureza também influencia o projeto. A igreja está cercada por áreas verdes, que ampliam o sentimento de isolamento e paz. Essa relação lembra a arquitetura tradicional japonesa, que integra edifícios ao ambiente ao redor.
A escolha por concreto aparente e madeira usada como andaime foi motivada por limitações financeiras. Ando cogitou deixar a igreja sem cobertura, mas a comunidade local se mobilizou para doar os fundos que permitiram concluir a obra.
Em 1999, uma escola dominical foi adicionada ao lado da igreja. Apesar de compartilhar o mesmo formato externo, o novo prédio é mais claro e acolhedor. O espaço abriga funções comunitárias como biblioteca, cozinha e salas de reunião.
Tadao Ando acredita que os materiais precisam se conectar com os sentidos.
“ Sempre tento usar materiais naturais nas partes que tocam mãos e pés, porque acredito que concreto e madeira são insubstituíveis ”, disse.