A trilha do Monte Rinjani, segundo vulcão mais alto da Indonésia e destino turístico popular para trekking, voltou a chamar atenção mundial após a morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, confirmada nesta terça-feira (24). A jovem caiu de um penhasco durante uma trilha no sábado (21), e teve seu corpo localizado por equipes de resgate três dias depois, a cerca de 700 metros abaixo do nível da trilha — como referência, a altura do Corcovado, no Rio de Janeiro, é de 710 metros.
O Monte Rinjani, localizado na ilha de Lombok, vizinha da turística Bali, é conhecido tanto por suas paisagens espetaculares quanto pelas trilhas extenuantes e perigosas. Com 3.726 metros de altitude, o vulcão faz parte do Círculo de Fogo do Pacífico, uma região de intensa atividade sísmica que concentra cerca de 90% dos terremotos do planeta.
Histórico de acidentes e desafios da trilha
A tragédia envolvendo Juliana não é um caso isolado. O Rinjani tem um histórico de acidentes fatais nos últimos anos. Só entre 2022 e 2025, ao menos quatro turistas morreram no local, vítimas de quedas ou exaustão. Em maio deste ano, um turista malaio de 57 anos perdeu a vida após uma queda. Em 2022, um português morreu ao despencar de um penhasco. Já em 2012, sete estudantes morreram durante uma escalada.
Além dos riscos naturais, a estrutura do parque é alvo constante de críticas. Apesar da exigência de guias certificados, há relatos de trilhas mal sinalizadas, ventos intensos e trechos íngremes com pedras soltas, o que dificulta ainda mais o trajeto. Viagens organizadas costumam durar entre dois e cinco dias, com acampamentos ao longo do percurso. O pacote mais básico, que inclui alimentação, equipamentos e guias, custa em torno de R$ 930 por pessoa.
Resgate complexo e atrasado
Juliana estava em um mochilão pelo Sudeste Asiático e já havia visitado Filipinas, Vietnã e Tailândia. Ela havia optado por fazer a trilha mais longa, de três dias e duas noites. O trajeto leva até a cratera do vulcão, de onde é possível ver o lago Segara Anak e o cone secundário Barujari, conhecido como “vulcão bebê”.
Um vulcão ativo em área sísmica
Apesar da última erupção registrada ter ocorrido em 2016, o Rinjani é considerado um vulcão ativo. Em 2018, a região foi atingida por um terremoto de magnitude 6,4, que causou deslizamentos de terra, 17 mortes e deixou mais de 300 feridos — a maioria turistas. O parque ficou fechado por meses após o desastre.
O Monte Rinjani também é considerado sagrado por comunidades locais, que sobem até o cume para realizar oferendas religiosas. A área é tombada pela Unesco como geoparque global devido à sua biodiversidade e importância geológica.