domingo, 29 de junho de 2025

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Confira os benefícios de viajar: “funciona como um reset”

Sair da rotina, colocar o pé na estrada, descobrir novos cenários, sabores e histórias, para muitas pessoas, viajar é sinônimo de lazer, descanso ou aventura.

Mas a verdade é que, além do prazer e da diversão, as viagens também têm um efeito profundo no bem-estar emocional e psicológico. Não é à toa que tantas pessoas relatam voltar de uma viagem mais leves, inspiradas e com uma nova perspectiva sobre a vida.

Longe dos compromissos diários e das pressões constantes, o simples ato de mudar de ambiente pode funcionar como um verdadeiro “reset” mental. 

Ao iG Turismo, a psicóloga  Tatiane Paula, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental explicou por que o ato de viajar pode ser tão transformador.

Viajar nos tira da repetição mental e da rotina rígida que muitas vezes alimentam o estresse e a ansiedade. Quando mudamos de ambiente, permitimos ao nosso cérebro respirar novos estímulos, novas paisagens e até novos significados. É uma pausa que não vem só do descanso físico, mas do acesso a sensações e emoções que, no dia a dia, costumam ficar adormecidas”, afirmou.

Segundo Tatiane, os impactos psicológicos positivos mais comuns em quem tira um tempo para viajar incluem mais leveza emocional, sensação de confiança e uma nova percepção da própria vida.

“No consultório, é comum perceber que, após uma viagem significativa, muitas pessoas retornam mais leves, confiantes e com uma percepção diferente da própria vida. Elas voltam a enxergar possibilidades” , contou.

Ela mesma viveu isso em uma viagem com o filho à neve, entre Argentina e Chile.  “Percebi como o tempo de qualidade pode marcar nossa história de forma profunda. Estar ali com ele, brincando na neve, foi um momento de conexão tão genuína que a rotina não permitiria. Foi mais do que uma viagem: foi memória afetiva viva”, relembra.

Limpeza emocional

O alívio do estresse é outro benefício frequentemente associado às viagens e tem explicação científica.  “Ajuda sim, mas não é um simples ‘desligar’. Na prática, ao mudar o contexto, o cérebro interrompe ciclos automáticos que alimentam o estresse. A pessoa se vê fora dos gatilhos habituais e, muitas vezes, consegue respirar emocionalmente. A viagem funciona como um reset”, explicou a psicóloga.

Em termos neurológicos, viajar também está ligado à liberação de dopamina, conhecida como o “hormônio do prazer” .

“Nosso cérebro responde com liberação de dopamina ao vivenciar algo novo. Emocionalmente, isso se conecta com o nosso senso de realização e de pertencimento ao mundo” , disse Tatiane, que compartilhou uma experiência pessoal para ilustrar essa sensação:

“Me recordo da viagem que fiz sozinha para a Espanha, passando por Madri e Barcelona, no meu aniversário. Foi uma vivência libertadora. Estar em outra cultura, me movimentando por mim mesma, foi um exercício de autonomia, amor próprio e escuta interna”.

“Silêncio ou estímulo?”

Os efeitos positivos variam de acordo com o tipo de viagem e com o que a pessoa está precisando naquele momento.

“Para quem vive esgotamento mental, descanso e natureza são bálsamos. Já quem se sente estagnado, pode se beneficiar de uma viagem mais desafiadora ou com pitadas de aventura. A chave é escutar o corpo e a mente. O que você está precisando agora: silêncio ou estímulo?”, questiona a especialista.

Ela ainda destaca que a experiência pode funcionar como uma espécie de terapia complementar“Viajar pode complementar um processo terapêutico, porque expande repertórios, ajuda a romper padrões e até fortalece vínculos afetivos. Mas é importante entender que não é cura por si só, é um recurso a mais”.

“A essência do que a viagem traz pode ser acessada com pequenas mudanças de rota”

Sair da zona de conforto também fortalece a autoestima. “Ao sair da zona de conforto, somos convidados a lidar com imprevistos, tomar decisões sozinhos e explorar partes de nós que estavam apagadas. A autoestima cresce quando nós percebemos capazes de cuidar de nós mesmos em outro lugar, com outra língua, outra cultura” , explicou Tatiane.

“Essa experiência me lembrou que a gente pode ser casa para si mesmo, mesmo longe de tudo que conhece”, completou, referindo-se à sua viagem solo.

E quem não pode viajar no momento? Segundo a psicóloga, o bem-estar pode vir de pequenas mudanças.  “A essência do que a viagem traz pode ser acessada com pequenas mudanças de rota. Um novo caminho para o trabalho, um café diferente, uma ida ao parque com o celular no modo avião. O que recarrega emocionalmente não é a distância é a presença”.

Tatiane conclui com uma reflexão: “Seja acompanhada de alguém que amamos ou em uma jornada só nossa, viajar é mais do que trocar de lugar, é acessar novos estados internos. O que transforma não é o destino, mas a coragem de se permitir viver o presente. Porque no fim, a maior viagem sempre será a que nos aproxima da nossa própria essência”.

turismo.ig.com.br

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