Localizado em St. Augustine, na Flórida, o Capybara Café tem atraído visitantes do mundo todo com uma proposta inusitada: oferecer um ambiente acolhedor onde o público pode tomar um café e, ao mesmo tempo, interagir com capivaras.
Consideradas os “queridinhos da internet” , as capivaras têm conquistado fãs pela personalidade tranquila e aparência simpática. No café, elas são as verdadeiras anfitriãs: circulam livremente entre as mesas, tiram cochilos no colo dos clientes e, claro, rendem muitos cliques fofos nas redes sociais.
A proposta vai além do entretenimento: o espaço busca conscientizar sobre o bem-estar animal e o respeito à natureza.
Especialista alerta para riscos do contato com capivaras
As capivaras ganharam a internet com vídeos fofos e comportamento tranquilo. Esses roedores gigantes têm virado sensação em redes sociais, especialmente em vídeos em que aparecem ao lado de humanos.
No entanto, especialistas alertam: apesar da aparência dócil, capivaras não são animais de estimação e o contato direto pode gerar riscos. A busca por fotos e interações próximas aumentou nos últimos anos, especialmente em áreas urbanas, onde os bichos estão cada vez mais presentes.
Em entrevista ao Canal do Pet, o professor Vlamir José Rocha do Laboratório de Fauna da Universidade Federal de São Carlos explicou por que esse comportamento representa um perigo — tanto para humanos quanto para os próprios animais. Segundo ele, o contato exagerado e a tentativa de domesticação passam uma ideia equivocada sobre a natureza das capivaras.
“Capivaras naturalmente são roedores pacíficos em relação a humanos nos diferentes ambientes que ocorrem desde que respeitado os limites”, explicou.
“Em áreas alteradas por humanos, como os ambientes urbanos, elas tendem a ser mais tolerantes com a presença de pessoas, isto não significa serem dóceis.”
Já o pesquisador clínico associado da Fortrea, o biólogo Bruno Sampieri, explica que como os animais se moldam dependendo dos diferentes meios em que vivem, podemos encontrar “indivíduos nessas populações ‘urbanizadas’ de capivaras que apresentem um comportamento dócil, ou próximo do que se considera domesticado, não apresentando riscos imediatos ao contato com pessoas”, mas que isso não que dizer que são “domesticáveis”.
“É sempre importante lembrar que esses animais vivem num ambiente ‘de transição’ entre áreas preservadas, meio rural e áreas densamente urbanizadas, mas não são animais domesticáveis, pelo contrário, o contato direto com animais como a capivara podem gerar problemas legais, pois são animais nativos do Brasil e protegidos por leis federais”, explica.
Rocha reforça que a fama de animal amigável é um mito impulsionado por redes sociais. “As redes sociais passam uma falsa impressão de que capivaras podem ser pets quando, na verdade, não são.”
Sampieri, por sua vez, explica: ” Qualquer romantização de problemas sócio-ambientais sérios e que apresentam riscos deve ser desencorajada, pois aproxima questões relevantes e que merecem atenção a brincadeiras tolas ou sem importância. Resumindo, eu acho péssimo!”
Quando incomodadas, as capivaras emitem um “ latido ” e fogem para a água. No entanto, se não houver rota de fuga, podem morder em um ato de defesa. “ Batem os dentes, salivam e algumas vezes eriçam os pelos. Isto significa ‘se afaste ou posso morder’”, diz Rocha.
“As capivaras podem ser bastante agressivas, e os machos em fase reprodutiva e fêmeas com cria, além de serem de grande porte, possuem dentes de roedor bem grandes e ficam muito agressivas e protetivas nessas fases”, afirma Sampieri.