quinta-feira, 11 de setembro de 2025

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Barco do Ciclo da Borracha é restaurado e será exibido em Belém

Uma embarcação metálica, considerada um dos achados arqueológicos mais relevantes dos últimos anos em Belém, passa pelos ajustes finais de conservação antes de ser aberta à visitação pública. O barco, com 22 metros de comprimento, foi descoberto em janeiro deste ano durante as escavações do Parque Linear da Nova Doca, obra que integra os preparativos para a COP30 na capital paraense.

Entre fevereiro e julho, a peça passou por um processo minucioso de restauro em um laboratório montado ao lado do Porto Futuro I. Agora, técnicos avaliam os últimos detalhes da camada de revestimento que protege a estrutura para garantir que ela esteja pronta para exposição.

Origem e importância histórica

De acordo com a arquiteta Tainá Arruda, responsável pela conservação, as  características da embarcação indicam que ela foi construída entre meados do século XIX e o início do XX, período marcado pelo auge do Ciclo da Borracha.

“Era comum que embarcações com casco metálico fossem utilizadas para transportar grandes cargas e resistir melhor às longas viagens. Esse exemplar pode ter sido de origem europeia ou norte-americana”, explicou.

Esses navios desempenhavam papel estratégico na economia amazônica, escoando produtos como borracha, cacau, castanha e madeira, e conectando Belém a seringais e comunidades ribeirinhas.

Para o arqueólogo Kelton Mendes, o achado ajuda a compreender a dinâmica urbana da cidade:  “Essas descobertas revelam como os rios e igarapés foram fundamentais na formação de Belém, funcionando como verdadeiras vias de circulação antes de serem aterrados” , disse.

Desafios do restauro

O estado de conservação do  barco foi um dos principais obstáculos enfrentados pela equipe multidisciplinar, que reuniu arquitetos, engenheiros, museólogos e arqueólogos. Enterrada por décadas em solo úmido, a estrutura sofreu corrosão intensa.

“Trabalhamos com muito cuidado para evitar danos ao retirar o material do solo e depois ao expô-lo ao ar livre. Também foi necessário erguer uma estrutura específica para sustentar o peso da embarcação durante o restauro”, detalhou Arruda.

Além do barco, os arqueólogos localizaram fragmentos de louças e garrafas datados de até 300 anos, abrangendo períodos que vão da colonização ao início da República.

Nova Doca: legado da COP30

O Governo do Pará informa que o Parque Linear da Nova Doca está com 97% das obras concluídas. O espaço terá ciclovia, áreas de lazer, academia ao ar livre, mirante, jardins, quiosques e espaços para eventos. A iniciativa resulta de parceria entre o governo estadual, o Governo Federal e a Itaipu Binacional, sob coordenação da Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop).

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