sábado, 23 de agosto de 2025

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Após enchentes, Rio Grande do Sul volta à lista de mais visitados

Pouco mais de um ano após as enchentes que devastaram o seu território, o Rio Grande do Sul voltou à lista de principais portas de entrada do Brasil, apontam dados da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo).

As paisagens gaúchas incluem desde vinícolas, serras e até a herança arquitetônica italiana em um estande no Salão do Turismo 2025, que vai até sábado (23) no Distrito Anhembi, Zona Norte de São Paulo.

Para Cláudia Mara Borges, diretora de Planejamento e Competitividade da Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul, o segredo para o sucesso do estado em dar a volta por cima tem três motivos principais: a união do governo com o setor turístico, campanhas de promoção do turismo no estado e as viagens de ônibus. Por causa das enchentes, o aeroporto de Porto Alegre ficou cinco meses fechado. 

No momento, o foco de atração de turistas é o frio e o inverno gaúcho, explica a diretora.

“Enquanto todo o Brasil está vendendo sol e mar, a gente tem o inverno. E fomos brindados com duas temporadas de neve esse ano” , diz. 

E ela lembra: o frio no estado “só acaba quando termina”

“É uma coisa que é bem importante salientar: o turismo de inverno não é 15 dias das férias de julho no Rio Grande do Sul. São quatro meses. A gente brinca que o inverno só acaba quando termina; e, no Rio Grande do Sul, pode ser em novembro” , diz. 

Outras iniciativas incluem fortalecer o Festival de Cinema de Gramado e, em setembro, comemorar o Mês do Gaúcho. A intenção é que ele ganhe a mesma importância que as festas juninas têm para o Nordeste, segundo a diretora.

A Embratur investiu no festival de cinema, que também foi apontado pelo diretor da agência, Marcelo Freixo, como estratégico para retomada do turismo no Rio Grande do Sul. 

Para Freixo, a reabertura do aeroporto de Porto Alegre também foi importante para a volta dos números, mas as parcerias que foram fechadas durante o fechamento tiveram sua relevância. Um exemplo é um voo que uma empresa aérea passou a operar para Florianópolis e que, após a reconstrução do aeroporto gaúcho, foi mantido mesmo com a reabertura dos voos para a capital do Rio Grande do Sul.

De janeiro a julho deste ano, o Rio Grande do Sul foi a porta de entrada de mais de 1,2 milhão de turistas estrangeiros, segundo a Embratur, atrás apenas de São Paulo, com quase 1,6 milhão, e Rio de Janeiro, com 1,3 milhão. Antes das enchentes, o estado era a principal porta.

E o local de origem mais frequente de visitantes de fora do país é a Argentina. No mesmo período, 2,5 milhões de argentinos vieram para o Brasil (um aumento de 94% em relação ao ano passado).

Freixo reforça que a retomada do cenário turístico gaúcho, principalmente na promoção do estado no país vizinho, foi fruto de uma parceria dos governos federal, estadual e das prefeituras. 

“Acho que isso deu certo, e todos nós comemoramos. Essa não é uma vitória só do Rio Grande do Sul. A tragédia ali foi muito grande. Quando a gente recupera o Rio Grande do Sul, é uma boa notícia para o Brasil inteiro” , diz.

As estratégias futuras incluem promover o estado em outros mercados, como o Chile e os Estados Unidos, por meio de ampliação da malha áerea – os dois países foram o segundo e o terceiro em número de turistas que visitaram o Brasil até julho deste ano, com 495 mil e 465 mil visitantes respectivamente.

Porto Alegre: ‘voltando com tudo”

As estratégias de sucesso também alcançaram a capital gaúcha. Com parcerias com as secretarias municipais de esporte e cultura, a cidade está promovendo a retomada de festivais, campeonatos esportivos, experiências com música e o Acampamento Farroupilha, que atrai milhões de pessoas todo ano.

No segundo semestre, a cidade vai receber um campeonato de jiu-jitsu e, em março, deverá ter um novo centro de eventos.

“A questão do turismo de Porto Alegre, a retomada, eu vejo muito perto isso do próprio desenvolvimento econômico, porque uma coisa está atrelada na outra” , explica Fernanda Barth, a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Eventos da capital.

Ela pontua que ainda é preciso recuperar algumas partes da cidade, como o 4º Distrito – região que concentra a vida noturna da capital, com bares e cervejarias. A maior meta, entretanto, e também um desafio, é que a cidade seja vista como um destino turístico pelas operadoras do setor assim como municípios ou passeios mais conhecidos.

”Porto Alegre tem muita coisa pra oferecer e pra vender. O que falta, muitas vezes, são as grandes operadoras olharem pra nós e verem como um destino turístico muito bom, que a gente consiga agregar um ou dois dias a mais pra quem sobe a Serra [Gaúcha], pra quem vai fazer o tour dos cânions“ , avalia.

Uma questão central, inclusive, é reforçar que a cidade está pronta para receber turistas.

”Tem muitas pessoas que olham pro Rio Grande do Sul e acham que a gente ainda está embaixo d’água, por incrível que pareça, ou que a gente ainda está com problemas de aeroporto. O nosso sistema de proteção de cheias e enchentes está de pé, foi reconstruído e está melhor do que estava antes. Pode vir para Porto Alegre, que não tem risco. Vai dar tudo certo“ , promete.

turismo.ig.com.br

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