O presidente da Câmara Municipal de Aparecida (SP), Luiz Carlos Ferreira Junior, o Juninho Corpo Seco (Podemos), disse que a maioria dos vereadores não vê com bons olhos o projeto de lei que cria a Taxa de Turismo Sustentável, de autoria do prefeito José Luiz Rodrigues, o Zé Louquinho (PL).
A proposta determina a cobrança da taxa dos veículos que ingressarem na cidade com finalidade turística ou religiosa.
O objetivo, segundo o projeto, é aumentar a arrecadação do município e custear limpeza urbana, coleta de resíduos, manutenção de vias e preservação ambiental diante do alto fluxo de visitantes.
Em entrevista ao Portal iG, nesta terça-feira (16), o vereador Juninho Corpo Seco adiantou que é contra a iniciativa do prefeito.
“Ela pode afetar nosso turismo. Principalmente os ônibus de turismo, de romarias, que fazem o bate e volta. Nosso turismo é diferente, é de pessoas humildes, quem vêm pela fé e com o dinheiro contado”, opina o presidente da Câmara.
Para ele, o prefeito deveria repensar a criação de uma taxa de manutenção.
“Vai cobrar pra entrar na cidade, sendo que Aparecida não oferece nada de infraestrutura, segurança, mobilidade urbana e acolhimento aos turistas. Falta limpeza pública, fiscalização e ordem. Não é momento pra isso”, criticou Juninho Corpo Seco.
População sacrificada
O prefeito Zé Louquinho, também entrevistado pelo iG, rebateu as críticas do presidente da Câmara, alegando que a cidade não tem infraestrutura, justamente, porque não tem recursos.
“O povo de Aparecida está sendo sacrificado. Não é justo que 30 mil habitantes pague imposto para milhões de visitantes que a cidade recebe todos os anos. Respeito as opiniões contrárias, isso é democracia. Mas estamos propondo a taxa, justamente para acabar com essa injustiça”, defendeu o prefeito.
Ele mencionou Campos do Jordão e Ubatuba, cidades paulistas que já cobram taxa de manutenção de turistas. Para o prefeito, a taxa em Aparecida não afungentaria os visitantes.
“Lá, as taxas afastaram turistas? Aqui não será diferente. Os devotos vêm de todas as partes do país, são de todos os perfis e não vão deixar de vir, por causa de uma quantia simbólica a mais na passagem. Considerando um ônibus, por exemplo, seria 1 real por pessoa. Ninguém vai deixar de honrar sua fé por causa dessa quantia. E para nós, da cidade, esse valor é importante, porque vai ser revertido em melhorias para município”, destacou, em entrevista ao iG.
Zé Louquinho insistiu que “a prefeitura está quebrada” e que ele trabalha para tentar reverter essa situação, garantindo serviços para a população.
A ideia de se criar uma taxa de manutenção tomou força na prefeitura depois que Aparecida (SP) se viu ameaçada de perder o título de estância turística e a verba do governo estadual liberada aos municípios que detém o título.
“Nós ainda não recebemos essa verba. É só problema para a cidade e a população é sacrificada. Esse é meu argumento para defender a taxa”, reforçou o prefeito.
O projeto de lei que cria a taxa de manutenção para turistas de Aparecida agora tramita nas comissões da Câmara e tem até 90 dias para se votado em Plenário.