San Francisco de Alfarcito, a 3.400 metros acima do nível do mar, é uma cidade localizada em Jujuy, Argentina. A vila abriga apenas 80 habitantes, que se autodenominam 25 famílias, e duas lhamas que vagam pelas ruas estreitas e inclinadas. As informações abaixo são do jornal La Nacion.
A comunidade decidiu abrir suas portas ao turismo, mas de forma restrita: apenas 22 visitantes são aceitos por vez, exatamente o número de camas disponíveis nas três acomodações locais, incluindo a Pousada Comunitária La Hornada, onde duas famílias dividem as outras duas casas. A iniciativa busca garantir que os benefícios do turismo sejam distribuídos igualmente, sem comprometer a rotina e os valores do local.
Todas as decisões sobre limpeza, recepção, preços, alimentação e atividades turísticas são tomadas em assembleia. Até os nomes das montanhas são resultado do olhar e da história dos moradores: Maravilloso, Tres Pintores e El Negro, com destaque para o Cerro Alfar, que atinge 4.300 metros de altura.
A meia hora da vila fica a Lagoa Guayatayoc, seca na maior parte do ano, mas que no verão chega a quatro metros de profundidade e atrai flamingos cor-de-rosa. Uma nascente acima da vila garante água potável, distribuída por mangueiras improvisadas e considerada um tesouro por cada residência.
Tradição e vida comunitária
A vila mantém tradições que remontam a 1880, preservando casas de pedra, com telhados de palha e madeira de árvores nativas como cardón e queñua. A administração dos alojamentos, refeitórios e oficinas de artesanato é rotativa, garantindo que o lucro seja revertido para manutenção, fundo comum e pagamento dos trabalhadores.
A praça central é ponto de encontro da comunidade. Entre casas e colinas em tons ocres, a igreja branca se destaca, e um forno de barro comunitário reforça a simplicidade do local. À noite, o céu se abre em um manto estrelado que parece inatingível.
A mercearia local oferece itens básicos, e famílias transformam suas casas em salas de jantar, servindo sopas, ensopados e costeletas de lhama, acompanhados de sobremesas simples, como flan ou frutas com doce de leite. Nos refeitórios Tres Hermanos e El Churcalito, Quipildor complementa as refeições com versos melancólicos que remetem à música de Puno.
O turismo em Alfarcito começou há 25 anos, financiado pela Xunta de Galicia, com materiais europeus e mão de obra local. Desde então, a comunidade mantém assembleias regulares e respeita os ritmos naturais e culturais do lugar.
Antes do amanhecer, a fumaça sobe das casas, enquanto fornos de barro preparam tortilhas e pães. Turistas degustam infusões de ervas locais, como muña muña e popusa, e participam da rotina diária: pastorear gado, colher raízes e cuidar de plantações de batata, milho e favas. Sem farmácias ou sinal de celular, cada passo e cada respiração são feitos com cuidado devido à altitude.







