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Um dos piores filmes da Disney nasceu como uma bizarra propaganda anti-fake news

Paulinha Alves

Um dos piores filmes da Disney nasceu como uma bizarra propaganda anti-fake news

Quem assiste à comédia de ficção científica de 2005, O Galinho Chicken Little
, nem imagina que a animação não é a primeira, mas sim a segunda adaptação que a Disney
fez da história de Henny Penny
, um popular conto europeu sobre os perigos da histeria coletiva. Mais do que isso, a primeira versão animada da história trazia um tom muito mais sombrio e uma mensagem que era praticamente uma propaganda anti-fake news da Segunda Guerra Mundial.

Muito conhecido desde o início do século 19, o relato folclórico oral sobre uma galinha que acredita que o mundo está chegando ao fim e causa pânico na população já foi referenciado muitas vezes na literatura, cinema e TV, aparecendo até mesmo em musicais e óperas.

A empresa de Walt Disney
, no entanto, fez a sua primeira versão do clássico ainda em 1943, por meio de um curta-metragem de animação chamada Chicken Little
. Com pouco menos de 9 minutos de duração, o vídeo conta a história de um ingênuo galinho que se deixa levar pelas fake news contadas por uma raposa, trazendo séries consequências para os moradores de sua comunidade.


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Um enredo que, embora tenha servido de base para o longa-metragem de 2005 (um dos mais fracos do catálogo da Disney), tem um desenvolvimento muito mais assustador e convincente, feito justamente para ser uma propaganda antinazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Curta-metragem tem crítica social contundente

Dirigido por Clyde Geronimi, Chicken Little
se passa em uma granja cheia de galos, galinhas e pintinhos, onde todos têm uma função social muito bem definida. Um dia, no entanto, uma raposa descobre aquele verdadeiro “banquete” escondido atrás da cerca e tem a ideia de armar um plano para que ela consiga comer todas as galinhas ao invés de apenas uma.

Utilizando um livro de psicologia para consulta, ela passa a seguir uma série de conselhos para destruir o seu inimigo. O curioso é que segundo o animador da Disney, David Gerstein, a ideia original dos roteiristas era fazer com que a raposa lesse o livro Mein Kampf,
do próprio Adolf Hitler, mas isso acabou sendo descartado na reedição do curta.

Primeiro, a raposa segue a premissa de “para influenciar as massas, dirija-se primeiro ao menos inteligente” e escolhe Chicken Little como seu alvo, já que o jovem é o mais bobo do grupo. Em seguida, ela arma várias situações que fazem parecer que o céu realmente está caindo na cabeça do galinho e que, como ele é único a saber disso, precisa avisar o resto da comunidade que o cerca.

Por fim, seguindo o ponto do livro que explica que é preciso “destruir a confiança do chefe do povo”’, a raposa descredibiliza a imagem de Cocky Locky, o galo da granja. Único a se opor a história de Chicken Little, Cocky Locky é humilhado pela população e passa a não ser mais ouvido, fazendo com que todos acreditem no fim do mundo e busquem refúgio em uma mina.

Na cena final do curta, a raposa invade então o local e come todas as galinhas, fazendo um “cemitério de ossinhos” e deixando o próprio narrador da história perplexo com o aviso de que “quem acredita em boatos, acaba assim”.

Versão de 2005 é bobinha até para uma obra infantil

Novamente adaptado pela Disney em 2005, dessa vez em uma roupagem bobinha e dirigida a um público muito diferente, O Galinho Chicken Little
até traz uma moral sobre o perigo da histeria em massa, mostrando como esse fenômeno faz as pessoas tomarem decisões erradas e às pressas pelo medo do desconhecido.

Na versão dirigida por Mark Dindal, no entanto, a mensagem é diluída em uma trama engraçada e fofinha, que obviamente tem um final feliz e passa longe da crítica mordaz do curta dos anos 1940. Feita para ser muito mais divertida do que questionadora, a animação é uma das menos populares entre a crítica e o público, perdendo muito da sua essência, mesmo para uma trama infantil.

Para quem ficou curioso, o curta original de Chicken Little
pode ser assistido no YouTube
, enquanto a versão repaginada e mais atual da história está disponível no Disney+.

Leia a matéria no Canaltech
.

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