Nos Estados Unidos, os médicos e cientistas da empresa de biotecnologia LyGenesis testam, pela primeira vez, uma terapia regeneradora em humanos. Através dos gânglios linfáticos, o tratamento promete produzir um novo fígado especial, dentro do próprio corpo do paciente com problemas hepáticos. Esta seria uma alternativa ao transplante convencional e não envolve os xenotransplantes
.
A nova proposta para curar doenças hepáticas já foi testada em animais, como roedores e porcos, onde demonstrou ser efetiva. O estudo detalhando os efeitos foi publicado na revista Liver Transplantation
. Agora, é o momento de entender se a estratégia funciona também em humanos.
Durante a primeira fase do estudo clínico, a ideia dos pesquisadores é entender, em primeiro lugar, se é seguro e se o tratamento é tolerável para o organismo debilitado do paciente. No total, 12 voluntários poderão ser inscritos.
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Como o fígado é criado no organismo?
Diferente dos transplantes convencionais, onde um fígado problemático é substituído por um saudável, a ideia da empresa norte-americana é produzir um novo fígado dentro do organismo do próprio paciente.
Para isso, os hepatócitos — as células funcionais de um fígado doado — são injetadas nos gânglios linfáticos. Estas estruturas são conhecidas por auxiliar o sistema imunológico na filtragem de partículas estranhas, como vírus.
Dentro dos gânglios, as células do fígado saudável vão se multiplicar e formam uma massa que se conecta ao sistema circulatório, a partir do desenvolvimento dos vasos sanguíneos. No final do processo, existirá algo próximo de um órgão em miniatura. A ideia é que o minifígado seja eficaz ao ponto de reverter a insuficiência hepática.
Novos fígados para pacientes hepáticos
Como a terapia regenerativa ainda está em fase de testes, apenas podem participar do experimento pacientes com doença hepática terminal (Esld). O quadro pode ser provocado por inúmeros problemas de saúde, como infecções pelo vírus da hepatite
, causas hereditárias ou mesmo uso excessivo de álcool
.
Redução na fila de transplante
“Esta terapia será potencialmente um marco notável na medicina regenerativa, ajudando pacientes com Esld a desenvolver novos fígados ectópicos funcionais em seu próprio corpo”, afirma Michael Hufford, cofundador e CEO da LyGenesis, em nota.
Para isso, ainda é preciso aguardar os resultados de todas as etapas dos ensaios clínicos — a pesquisa está na primeira fase de três. Entretanto, se tudo ocorrer bem, isso permitirá reduzir as filas de espera por transplantes de fígado em todo o mundo.
Vale destacar que, no Brasil, o fígado é o segundo órgão mais buscado por pacientes que estão na fila de espera do transplante
. São 2,2 mil pessoas aguardando por uma doação de fígado, segundo dados do Ministério da Saúde, atualizados nesta quarta-feira (3).
Embora a técnica regenerativa não substitui de vez a necessidade das doações, o volume delas poderá ser menor. Hoje, cada fígado doado ajuda um único paciente. Através da nova iniciativa, uma doação poderá salvar dezenas de pacientes, segundo Hufford. Isso deve resolver “o atual desequilíbrio entre oferta e demanda de órgãos em favor dos pacientes”, completa.
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