domingo, 22 de dezembro de 2024

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Seio biônico: tecnologia pode trazer sensação de toque a sobreviventes de câncer

Augusto Dala Costa

Seio biônico: tecnologia pode trazer sensação de toque a sobreviventes de câncer

Novos estudos estão focando na fabricação de “seios biônicos”, novas próteses
que poderão devolver a sensação de toque a sobreviventes de câncer de mama
que tiveram que passar por mastectomias e cirurgias reconstrutivas do peito. Centenas de milhares de mulheres têm um ou dois seios removidos por cirurgia todos os anos para evitar o retorno do câncer ou como tratamento preventivo para quem possui risco genético alto de ter a doença.

A cirurgia reconstrutiva geralmente inclui implantes ou tecidos retirados de outras partes do corpo, mas não havia a opção de restaurar os nervos conectados ao peito e mamilos como parte do procedimento, o que está sendo desenvolvido apenas recentemente. Com isso, muitas pacientes acabam perdendo a sensação de toque e veem um declínio na qualidade de vida sexual, o que pode impactar negativamente sua saúde mental.

O novo seio biônico, ainda em fase de testes
, deve ser implantado na pele do peito, e sua pesquisa recebeu verba do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos através dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) na casa de US$ 4 milhões (cerca de R$ 20 milhões na cotação atual).


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Como funciona o seio biônico

A cientista responsável pelo projeto é a ginecologista e obstetra da Universidade de Chicago Stacey Lindau. Ao site Live Science
, ela contou que teve a ideia após acompanhar a recuperação da cirurgia reconstrutiva de diversas pacientes, que tiveram a vida sexual e social impactada.

Um exemplo foi a impossibilidade de sentir o calor e aperto dos abraços dos amigos advinda da falta de sensibilidade pós-cirurgia. Segundo a médica, os seios são um órgão sexual importante para muitas mulheres, e perder a sensibilidade no local seria, para algumas, tão perturbador quanto perder o pênis para os portadores do órgão.

A inspiração para a tecnologia veio de métodos sensoriais usados em outros prostéticos, como os braços biônicos
já existentes na literatura médica. Uma descrição dos seios com capacidade sensorial foi feita ainda em 2020, em um artigo publicado na revista científica Frontiers in Neurorobotics
.

A ideia é implantar sensores de pressão artificiais sob a pele do seio reconstruído, que, quando estimulados, mandariam sinais a eletrodos posicionados abaixo dos braços, que estimulariam nervos intercostais que passam entre as costelas. Esses nervos mandariam os sinais ao cérebro, que finalmente os interpretaria como toque
.

A equipe deverá trabalhar na tecnologia pelos próximos quatro anos, testando o método em oito pacientes passando pelo processo de mastectomia e reconstrução dos órgãos para garantir que o caminho biônico realmente conseguirá levar os sinais elétricos até os nervos através dos eletrodos.

Bioengenheiros também trabalham no desenvolvimento dos sensores de pressão artificiais a partir de materiais poliméricos cuja sensação seja próxima à dos tecidos dos seios. É preciso, por exemplo, garantir que os sensores não irão causar respostas imunes prejudiciais após o implante.

Os pesquisadores esperam usar a tecnologia para além dos pacientes de câncer de mama
, podendo aplicar o método em outros membros prostéticos e situações onde pessoas acabem tendo perda de funções sensoriais, devolvendo o toque e a sensação de calor a quem há muito não consegue mais sentir.

Leia a matéria no Canaltech
.

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