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O rover Perseverance, da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, fez o que pode ser sua descoberta mais surpreendente até hoje: encontrou possíveis indícios de vida antiga em Marte.
Esse explorador robótico de seis rodas se deparou com uma enigmática rocha em forma de flecha denominada Cheyava Falls, que pode abrigar micróbios fossilizados de bilhões de anos atrás, quando o Planeta Vermelho era um mundo aquático.
No dia 21 de julho, o Perseverance perfurou a pedra para coletar uma amostra de seu núcleo, enquanto atravessava o antigo vale fluvial Neretva Vallis.
As amostras foram cuidadosamente armazenadas na parte inferior do rover e mais tarde retornarão à Terra para uma análise mais profunda.
“Cheyava Falls é a rocha mais desconcertante, complexa e potencialmente importante investigada até agora pelo Perseverance”, disse na quinta-feira (25) o cientista do projeto Ken Farley, do Caltech.
Há três pistas convincentes que despertaram o entusiasmo dos cientistas. Uma consiste em veios brancos de sulfato de cálcio que percorrem a rocha, o que revelaria que um dia fluiu água através dela.
Entre as fendas há uma zona central avermelhada, cheia de compostos orgânicos, conforme detectado pelo instrumento Sherloc (sigla em inglês para ‘Varredura de Ambientes Habitáveis com Raman e Luminescência para Produtos Orgânicos e Químicos’) instalado no rover.
Por fim, pequenas manchas parecidas com as de um leopardo contêm substâncias químicas que sugerem fontes de energia de micróbios antigos, segundo o resultado do scanner PIXL.
“Na Terra, esse tipo de características em rochas geralmente está associado ao registro fossilizado de micróbios que viviam no subsolo”, explicou o astrobiólogo David Flannery, membro da equipe científica do Perseverance na Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália.
De qualquer forma, o processo para confirmar que houve vida em Marte ainda está longe de terminar.
A verdadeira prova chegará quando as valiosas amostras de rocha do Perseverance forem devolvidas à Terra como parte do Programa de Retorno de Amostras de Marte, uma colaboração entre a Nasa e a Agência Espacial Europeia prevista para a década de 2030.
Embora esses achados possam não revelar vida microscópica antiga, há uma possibilidade tentadora de que se tratem de micróbios reais fossilizados, a primeira prova de vida fora da Terra na história.
“Atacamos essa rocha com lasers e raios-X e a fotografamos literalmente de dia e de noite de quase todos os ângulos”, disse Farley.
“Cientificamente, o Perseverance não tem mais nada a oferecer. Para entender completamente o que aconteceu (…) há bilhões de anos, queremos trazer a amostra de Cheyava Falls para a Terra, para poder estudá-la com os poderosos instrumentos disponíveis nos laboratórios”, completou.