sábado, 21 de dezembro de 2024

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Review Killer Klowns from Outer Space | Charme do jogo é ser ridículo

Durval Ramos

Review Killer Klowns from Outer Space | Charme do jogo é ser ridículo

Baseado em um filme trash e para lá de underground, Killer Klowns from Outer Space: The Game
é um daqueles jogos que você se pergunta por quê. Por que decidiram desenterrar essa franquia? Por que fazer um jogo de um filme que pouca gente conhece? Por que apostar em um gênero que já é dominado por um colosso como
Dead by Daylight

?

São tantos por quês que se torna impressionante como, apesar de tudo isso, KKFOS
consegue ser ridiculamente divertido. Embora tenha nascido de um longa de terror e não esconda esse DNA em momento algum, o jogo brilha muito ao não ter vergonha da galhofa e fazer bom uso dos absurdos em torno de sua própria proposta.

Assim, por mais que não seja nada brilhante ou mesmo inovador, Killer Klowns from Outer Space: The Game
encontra seu próprio charme ao não se levar a sério e criar uma experiência tão absurda que funciona melhor do que tinha o direito de ser.


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Você acha que é bonito ser feio?

Quando testei uma versão ainda Beta de KKFOS

, já havia destacado que ele era o game mais ridículo de 2024 com certa folga. E, ao jogar a versão completa do game, não restam dúvidas disso — e esse é o maior elogio que o título poderia receber.

Ele segue exatamente a mesma proposta do filme Palhaços Assassinos do Espaço Sideral
, lançado em 1988 e que já era ruim e absurdo até mesmo para os padrões da época. Assim, temos um multiplayer assimétrico
em que parte do time é composto por palhaços assassinos que matam suas vítimas com armas de algodão doce e espingardas de pipoca.

É uma ideia tão cretina que dá muito certo. É claro que o clima de horror é quase inexistente, mas ele compensa isso com o carisma em torno de toda essa estupidez. Assim, mesmo quem nunca assistiu ao filme consegue rir da galhofa e das maluquices que aparecem a todo momento na tela.

O ponto é que Killer Klowns from Outer Space: The Game
usa muito bem o ridículo a seu favor. O visual dos palhaços, as skins oitentistas dos humanos, os Fatalities de torta na cara e o próprio barulhinho quando os aliens caminham por aí são coisas tão estúpidas que é impossível não rir e não se deixar levar pelo clima caótico das partidas.

Assim, por mais que ele não tenha a tensão de um Dead by Daylight
, o jogo funciona bem por não se levar a sério e aproveitar isso como seu grande diferencial.

Hoje tem marmelada

Isso tudo faz com que as partidas de Killer Klowns from Outer Space: The Game
sejam bem divertidas, até por contarem com um inesperado equilíbrio entre as partes, além da já comentada dose de loucura.

A começar pelos próprios objetivos das partidas. Do lado dos palhaços, é preciso desencadear o Palhaçopocalipse, matando a todos. Para isso, eles devem alimentar máquinas com casulos de algodão doce, o que implica em sair caçando humanos por aí. Já para os sobreviventes, a missão é encontrar uma forma de escapar vivo dessa bagunça toda.

Obviamente, os palhaços têm uma clara vantagem, já que são os únicos com habilidades próprias e armas. Só que a graça das partidas está no trabalho em equipe dos humanos, o que torna as coisas mais equilibradas e divertidas, principalmente quando um grupo se une para espancar o alien. Por isso mesmo, jogar ao lado de amigos funciona bem mais do que com desconhecidos.

Além disso, há uma boa variedade de palhaços e arquétipos humanos que mexem bastante com a dinâmica das partidas. Apostar na resistência pode torná-lo lento, enquanto há variações que vão torná-lo muito forte, mas bastante vulnerável. Brincar com todas essas possibilidades e níveis de personalização oferece novas camadas e mostra como o jogo consegue entregar conteúdo para além da sua bagunça inicial.

Isso é algo que serve também para os humanos, já que os diferentes arquétipos vão mexer na dinâmica da mesma forma. Assim como em um filme de terror clássico, há o valentão, o gênio e a mocinha — e cada um deles tem pontos fortes e fracos que impactam o ritmo do jogo. É mais um fator que depõe a favor do trabalho em equipe.

Tem boi na linha, amiguinho

Todos esses elementos são simples, mas funcionam muito bem quando colocados em prática. No entanto, isso só acontece quando há uma partida completa, já que o sistema de bots de Killer Klowns from Outer Space: The Game
é uma verdadeira palhaçada — no caso, no mal sentido.

Tudo bem que ninguém espera que os bots sejam competitivos ou coisa assim, mas eles são tão inúteis que chegam a atrapalhar e até a sabotar aquilo que o game tem de melhor.

Como dito, o trabalho em equipe entre os humanos é essencial, o que faz com que ter esses NPCs pelo mapa seja um verdadeiro atraso na luta para sobreviver. Eles não ajudam em nada nas missões de fuga, não interagem e nem respondem a comandos coletivos. Depender deles é garantia de morte certa.

O pior de tudo é que eles inutilizam a maior novidade de KKFOS
: o sistema de ajuda da Mão do Destino. Ao contrário da grande maioria dos games multiplayer, morrer o transforma em um mero espectador da partida enquanto espera por uma nova chance.

Ao ser capturado ou morto por um palhaço, você realiza uma série de minigames que garantem itens para os demais sobreviventes. É uma mecânica bem criativa para manter todo mundo engajado, mas não está disponível para os bots.

Assim, se Killer Klowns from Outer Space: The Game
não engajar um bom número de pessoas a ponto de garantir sessões sempre lotadas, os jogadores terão de lidar com essas almas penadas que não só atrapalham o jogo em si, como esvaziam tudo aquilo que ele tem de bom. O fato de ele contar com crossplay minimiza esse problema, mas não deixa de ser um detalhe icômodo.

Killer Klowns from Outer Space vale a pena?

Sendo bem honesto, ninguém esperava nada de Killer Klowns from Outer Space: The Game
— e, por isso mesmo, ele é tão bom. Ele é um jogo bem simples, mas bastante redondinho que consegue ser muito divertido por abraçar sem vergonha alguma o ridículo de sua proposta.

Assim como o filme que o inspirou, ele está longe de ser um clássico revolucionário e tampouco se propõe a isso. Ele pega o que há de melhor em outros multiplayers assimétricos e adapta ao seu estilo absurdo. E, por mais que jogar com os palhaços seja muito mais divertido, as mecânicas colaborativas dos humanos faz com que controlá-los também tenha seus méritos.

No fim das contas, Killer Klowns from Outer Space: The Game
é exatamente como o filme. Aquela ideia estúpida que é perfeita para você juntar os amigos e rir das imbecilidades. Às vezes, é muito bom ser ridículo.

Leia a matéria no Canaltech
.

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