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Reconstrução facial de neandertal de 56 mil anos desfaz estereótipos da espécie

Augusto Dala Costa

Reconstrução facial de neandertal de 56 mil anos desfaz estereótipos da espécie

Uma equipe de antropólogos e artistas digitais, incluindo o brasileiro Cícero Moraes, veterano das recriações antigas, reconstruiu a aparência de um neandertal
de 56 mil anos, revelando uma aparência bastante curiosa — mais velho, nosso antigo parente dá ares mais delicados e próximos aos humanos modernos, diferente da imagem bruta que normalmente se dá à extinta espécie.

Os restos mortais fossilizados do
Homo neanderthalensis

reconstruído foram encontrados na caverna de Chapelle-aux-Saints, no sudoeste da França, em 1908. O crânio do sujeito foi escaneado com tomografia computadorizada e técnicas de fotogrametria, descobrindo desde características físicas e proporções cranianas a antigas doenças sofridas pelo neandertal.

Para preencher lacunas e conseguir realizar a aproximação da aparência do extinto humano, a equipe utilizou um banco de dados de doadores digitais, que escanearam suas faces e as disponibilizaram para estudo, comparando neandertais e pessoas modernas até encontrar um rosto de proporções semelhantes. Uma modelagem cuidadosa, então, chegou à aparência mais aproximada possível.


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Rosto e doenças neandertais

Cícero Moraes, que já recriou a face de Tutancâmon
e de pessoas da Idade da Pedra
, da Idade do Bronze
e do período medieval
, descobriu indicações de que o neandertal era idoso, tinha cabelos grisalhos e uma barba também pontilhada de cinza. Ele inseriu todas essas características na modelagem de seu rosto, que ficou curiosamente distante do estereótipo moderno da nossa espécie “prima”.

Além da fisionomia, a equipe também descobriu que uma brucelose afetou o antigo sujeito, tipo de doença periodontal grave passada de animais para humanos (ou seja, zoonótica)
, geralmente de bovinos ou canídeos. Essa infecção na gengiva pode estar entre os primeiros casos de zoonose já registrados na história, mudando nossa percepção sobre as interações dos hominídeos do passado e os animais com que conviviam.

Ao comentar sobre a “boa aparência” do neandertal
, Moraes lembra que a recriação é a segunda de sua autoria que cativa o público, o que ocorreu anteriormente na reconstituição do chamado “vampiro de Čelákovice”, que veio do misterioso crânio de um homem enterrado na Chéquia, encontrado durante obras de ampliação de uma casa.

Os já extintos neandertais eram, segundo estudos, visualmente parecidos com os humanos modernos
, mas mais atarracados e musculosos. Nossa coexistência com a espécie
durou aproximadamente 100 mil anos, tendo seu fim quando se extinguiram, há aproximados 40 mil anos. Crânios como o do idoso reconstruído no estudo mostram um supercílio avantajado, abertura nasal mais larga do que a nossa e crânios mais alongados e chatos.

Um resumo do trabalho, no qual Moraes se juntou a cientistas das Universidades de Torino, Flinders, Lodz, Palermo e do Centro de Pesquisas FAPAB foi apresentado em uma conferência do Ministério da Cultura da Itália em outubro deste ano.

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