Pesquisadores do Reino Unido e do Canadá descobriram que não há evidências que justifiquem o uso de um dos componentes mais famosos da cannabis medicinal, o CBD (canabidiol), no tratamento de pacientes com dor crônica. Neste grupo, tratamentos com o canabinoide podem fazer mais mal do que bem.
Sem evidências científicas que comprovem os benefícios do CBD — utilizado no formato de óleos, extratos, cremes tópicos, ou mesmo gomas —, o seu uso pode ser, na verdade, um desperdício de dinheiro. Para outros fins, a cannabis medicinal parece ser uma boa aliada, como tratamento de pacientes com intensas crises de epilepsia
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Investigando o CBD na dor crônica
Publicado na revista científica The Journal of Pain
, a meta-análise analisou outros estudos científicos sobre a cannabis medicinal, com foco no CBD, até o final do ano passado. No total, foram considerados 16 estudos com humanos, que envolviam desde uma dose única até 12 semanas de medicação.
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Na análise, os pesquisadores afirmam que “15 dos 16 não mostraram nenhum benefício do CBD em relação ao placebo”. Nesse caso, o derivado da cannabis medicinal não é melhor que um placebo (substância sem efeito) para tratar a dor crônica. Outras pesquisas já concluíram a mesma coisa
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Segundo os autores, pequenos ensaios clínicos utilizando o CBD “sugerem que o medicamento é em grande parte benigno”. No entanto, “faltam evidências de segurança em larga escala”, pontuam. Além disso, “há evidências crescentes que ligam o CBD ao aumento das taxas de eventos adversos graves e hepatotoxicidade [lesão hepática]”, afirmam.
Faltam evidências científicas
O CBD “é apresentado como uma cura para todas as dores, mas há uma completa falta de evidências de qualidade de que tenha quaisquer efeitos positivos”, explica Chris Eccleston, professor da Universidade de Bath e um dos autores do estudo, em nota. Por isso, ele não deve ser recomendado hoje.
“Sabe-se que a dor crônica não tratada prejudica gravemente a qualidade de vida, e muitas pessoas vivem com dor todos os dias e durante o resto das suas vidas”, lembra o pesquisador Eccleston. Por isso, ele reforça a importância de mais investimentos na área de pesquisa dos tratamentos para dor, em busca de “soluções sérias”. Inclusive, o Instituto Butantan tem avançado em pesquisas com essa finalidade
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Cannabis no Brasil
No Canadá, o acesso aos derivados da cannabis é bastante simples, o que facilita casos de automedicação, especialmente em pacientes com dor crônica, independente da finalidade. Entretanto, a realidade no Brasil é outra e só usa o óleo de CBD quem tem uma receita médica. Estas são obrigatórias e podem até ajudar a obter a medicação de forma gratuita, em alguns estados.
A partir de maio deste ano, o governo de São Paulo, através do Sistema Único de Saúde (SUS), vai disponibilizar o extrato de CBD para pacientes
, com condições específicas de saúde e indicação médica.
Por enquanto, apenas indivíduos com doenças raras receberão os compostos, o que inclui a Síndrome de Dravet (uma forma de epilepsia grave), a Síndrome de Lennox-Gastaut (encefalopatia epiléptica) e a Esclerose Tuberosa (quadro que desencadeia tumores não cancerosos). Não há planos de incluir pacientes com dor crônica.
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