Cientistas em Oxford, Inglaterra, estabeleceram um novo recorde na geração de energia por fusão nuclear. O experimento foi realizado nas instalações do Joint European Torus (JET) e gerou 69 megajoules durante cinco segundos, superando o recorde anterior de 10 megajoules.
O reator tokamak de fusão nuclear do JET usou 0,2 miligramas de combustível — átomos de deutério e trítio, ambos isótopos de hidrogênio — aquecidos a temperaturas 10 vezes mais altas que o núcleo do Sol.
Uma vez transformado em plasma devido ao calor, o combustível foi contido em uma nuvem densa por poderosos campos magnéticos instalados ao redor do reator. Isso garante que as partículas do plasma permaneçam concentradas, sem contato com as paredes internas do reator.
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A fusão nuclear é a principal aposta para obtenção de energia limpa e inesgotável, já que utiliza apenas gás hidrogênio, o elemento mais abundante do universo. Esse é o mesmo processo que as estrelas usam em seus interiores para produzir luz e calor.
No entanto, é impossível reproduzir na Terra a pressão extrema do núcleo das estrelas, fator fundamental para a fusão do hidrogênio nesses objetos cósmicos. Para compensar, os cientistas usam temperaturas dezenas de vezes mais altas que as do “coração” solar.
Quando finalmente o calor “quebra” os átomos de hidrogênio, separando os elétrons dos núcleos, a energia nuclear é liberada. Com uma boa quantidade de combustível no reator, essa energia pode superar a produção energética dos métodos atuais, como a queima de combustível fóssil.
A diferença entre os dois métodos não é pouca: se compararmos usando o mesmo peso de hidrogênio e combustível fóssil, a fusão nuclear
liberta quase quatro milhões de vezes mais energia do que a queima de carvão, petróleo ou gás. Além disso, o processo não libera nenhum poluente — apenas gás hélio.
Embora o JET seja o novo recordista em geração de energia, ele ainda não produziu mais energia do que a consumida em sua produção. O calor usado para atingir a ignição (o ponto onde a fusão nuclear descontrolada é desencadeada) é obtido pelos lasers mais poderosos do planeta e, portanto, gasta uma quantidade absurda de energia.
Por enquanto, o reator do Lawrence Livermore National Laboratory (LLNL), na Califórnia, foi o único a obter mais energia do que a quantidade gasta
. Por outro lado, o JET demonstrou a capacidade de criar fusão por cinco segundos, enquanto o LLNL obteve seu resultado por apenas uma fração de segundo.
O “segredo” do JET para realizar a fusão por cinco segundos foi assumir um risco maior de superaquecimento dos fio de cobre usados nos ímãs do reator. O ITER, um projeto de reator francês, será equipado com eletroímãs supercondutores, capazes de erguer um porta-aviões
, para tentar realizar a fusão por mais de 300 segundos.
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