O mSpy é um aplicativo espião voltado para controle parental no Android e no iOS. É possível instalar a plataforma no celular de outra pessoa para obter informações sobre apps usados e locais frequentados, além de bloquear o acesso a alguns sites — aprenda a ver se o app está instalado no seu aparelho e saiba como removê-lo.
A desenvolvedora do programa oficialmente propõe o uso do app para controlar a rotina digital de crianças e adolescentes, mas existem muitos casos de pessoas que recorrem à ferramenta para espionar a vida de outras pessoas sem o consentimento delas — nesse caso, a prática pode ser ilegal.
Como o mSpy funciona?
Lançado em 2010, o mSpy é um serviço pago oferecido por uma empresa britânica de mesmo nome, então a pessoa precisa escolher um dos planos de assinatura para ter acesso ao app. Após a compra, o cliente recebe um código de instalação e o passo a passo para começar a usar o serviço para rastrear outra pessoa.
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O cliente precisa ter em mãos o celular da pessoa que será rastreada: primeiro, instala um painel de controle do app no próprio celular, depois instala o serviço no aparelho do outro indivíduo. A empresa reforça que o processo pode levar até 10 minutos no Android, pois é necessário desativar o antivírus Play Protect, baixar um APK e configurar todas as permissões.
Com tudo pronto, o aplicativo consegue acessar praticamente todos os dados do aparelho, como o histórico de navegação, fotos baixadas, apps instalados e mensagens trocadas com outros contatos. A ferramenta ainda consegue tirar prints esporádicos da tela e informar o que a pessoa está fazendo.
As informações ficam armazenadas na conta do assinante pro painel de controle do mSpy, disponível em qualquer dispositivo. A empresa reforça que o app roda em segundo plano no “celular-alvo”, então a pessoa rastreada não consegue saber que há algo instalado — existe a opção de manter ou deletar o ícone do software
na tela inicial, mas a decisão fica por conta do usuário.
O mSpy é ilegal?
O aplicativo em si não traz nenhum problema com a lei, mas alguns usos do mSpy podem ser ilegais. No site oficial, a própria desenvolvedora reforça que o serviço precisa ser usado como uma ferramenta de controle parental, direcionada a menores de idade que estão sob tutela legal de um pai, guardião ou tutor responsável.
O aplicativo em si não traz nenhum problema com a lei, mas alguns usos do mSpy podem ser ilegais. No site oficial, a própria desenvolvedora reforça que o serviço precisa ser usado como uma ferramenta de controle parental, direcionada a menores de idade que estão sob tutela legal de pai/mãe, guardião ou tutor responsável.
Para a advogada Antonielle Freitas, especialista em direito digital, privacidade e proteção de dados do escritório Viseu Advogados, existem contextos específicos, como o caso do controle parental, para que o uso da plataforma fique de acordo com a lei.
“No entanto, mesmo nesse contexto, a legalidade pode ser questionada dependendo da jurisdição, das leis locais, e dos princípios de privacidade e ética’, explica
“No Brasil, a legislação resguarda a privacidade dos indivíduos, inclusive de menores de idade, e o uso desse tipo de aplicativo deve ser feito com o devido cuidado para não infringir estes direitos”, prossegue.
A advogada também reforça que o recurso que tira capturas de tela sem avisar pode ser uma violação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) do Brasil. “A LGPD exige que o tratamento de dados pessoais seja feito com o consentimento informado, livre e inequívoco do titular. Portanto, se a pessoa monitorada não consentiu com tal prática, ela pode ser constituída como uma violação da LGPD”. comenta.
Por outro lado, usar o app para monitorar outro adulto depende do consentimento daquela pessoa — caso contrário, a prática é ilegal.
“O uso do mSpy é ilegal quando realizado sem o conhecimento e consentimento do indivíduo cujo dispositivo está sendo monitorado. Isso inclui a instalação do aplicativo em dispositivos de terceiros sem permissão explícita. No Brasil, essa ação pode ser considerada uma violação de privacidade, que é protegida constitucionalmente”, explica a advogada Antonielle Freitas sobre o uso do app com adultos.
Como saber se o mSpy está instalado no meu aparelho
Apesar de funcionar discretamente, o mSpy pode dar alguns sinais de que está sendo usado no celular de uma pessoa. Primeiro, preste atenção no consumo de dados: caso esteja maior do que o habitual, provavelmente há algum malware
ou app em segundo plano que consome a franquia.
Além disso, vale a pena checar as permissões do celular, como os avisos de uso do microfone ou da localização do dispositivo. Nesse caso, é possível conferir quais apps têm acesso a esses recursos.
Como remover o mSpy
Primeiramente, é ideal obter o respaldo legal com um advogado e entrar em contato com a pessoa que instalou o app no seu aparelho — paralelamente, vale a pena tirar prints que comprovem o ato, caso você precise emitir um BO digital
sobre o caso.
Além disso, existem alguns métodos para removê-lo do celular.
No Android
Siga estas etapas:
- Abra as configurações;
- Acesse por “Aplicativos”;
- Procure por um app chamado “Update Service”;
- Remova-o do aparelho.
No iOS
No caso do iOS, você primeiro pode procurar por algum app suspeito no iPhone e desinstalá-lo. Quando isso não dá certo, é necessário ativar a autenticação em dois fatores e trocar a senha do iCloud:
- Abra o app Ajustes;
- Toque em “Senha e Segurança”;
- Marque a opção “Ativar a autenticação de dois fatores”;
- Escolha um método de autenticação.
Depois, troque a senha do iCloud:
- Abra o app Ajustes;
- Toque em “Senha e Segurança”;
- Pressione “Alterar senha”;
- Digite o código do iPhone;
- Escolha uma nova combinação.
Você também pode conferir algumas dicas para ver se o seu celular foi clonado ou hackeado
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