Momentos finais da sonda Peregrine: o que causou o fracasso da missão?
O lander Peregrine, da Astrobotic, foi lançado à Lua em 8 de janeiro. A expectativa era grande: ele levava consigo 20 cargas úteis, e se tudo corresse bem, poderia realizar o primeiro pouso lunar de uma espaçonave norte-americana desde a Apollo 17
. Entretanto, uma falha impediu que esta conquista se tornasse realidade.
Para recapitularmos: a espaçonave foi desenvolvida por meio da Commercial Lunar Payload Services (CLPS), da NASA, iniciativa criada para incentivar empresas privadas a criarem e operarem landers lunares para levar cargas da agência espacial à Lua. Ela foi lançada no voo inaugural do foguete
Vulcan Centaur, da United Launch Alliance.
(2/2)Peregrine captured this video moments after successful separation from @ulalaunch
Vulcan rocket. Counterclockwise from top left center is the DHL MoonBox, Astroscale’s Pocari Sweat Lunar Dream Time Capsule, & Peregrine landing leg. Background: our big blue marble, Earth! pic.twitter.com/1y4OsosNDp–
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–— Astrobotic (@astrobotic) January 19, 2024
Passados mais de 50 minutos do lançamento, o Peregrine, que era a carga útil primária da missão, foi liberado com destino à Lua. Cerca de sete horas após o início da viagem ao nosso satélite natural, o lander sofreu uma anomalia que prejudicou sua jornada: a Astrobotic declarou que os sistemas de propulsão foram ativados com sucesso, mas a sonda não conseguiu se estabilizar para apontar os painéis para o Sol
e carregar suas baterias.
Sonda Peregrine: o que aconteceu?
Inicialmente, a Astrobotic anunciou que a raiz do problema poderia estar no sistema de propulsão do veículo, causando perda intensa de propelente. Pouco depois, a empresa publicou uma foto tirada pela câmera do Peregrine, mostrando danos nas camadas externas do isolante que o revestia.
Depois, a companhia anunciou que o vazamento de combustível estava prejudicando o sistema que alinha o lander. Felizmente, os engenheiros da empresa foram rápidos e usaram os propulsores do Peregrine para estabilizá-lo, conseguindo apontar seus painéis solares em direção ao Sol para carregar as baterias. O problema, no entanto, é que o Peregrine tinha perdido tanto propelente que já não poderia mais tentar pousar na Lua.
A partir dali, a Astrobotic tentou mantê-lo ativo para aproveitar seus recursos ao máximo: foi assim que o lander ficou a mais de 300 mil quilômetros da Terra e ativou todas as suas 10 cargas úteis — duas delas, inclusive, coletaram dados da radiação
no ambiente ao redor do lander.
Próximos passos
No dia 17, a Astrobotic declarou que o Peregrine iria reentrar na atmosfera sobre a região do Pacífico sul, marcando o fim de sua missão de dez dias. Segundo a empresa, a trajetória do lander foi ajustada para garantir a segurança do processo. O Comando Espacial dos Estados Unidos confirmou a reentrada do Peregrine no dia 18
.
“Embora ainda seja cedo demais para entender a causa principal por trás do incidente da propulsão, a NASA
continua apoiando a Astrobotic e vai contribuir para a análise dos dados de voo, identificando a causa e desenvolvendo um plano para futuros voos comerciais e da CLPS com a empresa”, declarou Nicola Fox. administradora associada na NASA.
Agora, a Astrobotic quer investigar os erros que aconteceram e incorporar qualquer mudança ao Griffin, o outro lander que vai desenvolver para a NASA. A empresa planeja organizar um comitê para analisar os dados e confirmar a causa por trás do vazamento de propelente
, mas vale lembrar que pode levar tempo até as investigações serem finalizadas e até descobrirmos o que, de fato, prejudicou a jornada do Peregrine à Lua.
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