quinta-feira, 31 de julho de 2025

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Missão EUA: O Brasil precisa dialogar, mas também se posicionar

Carlos Moura/Agência Senado

Senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) em discurso à tribuna

Nesta semana, a  missão oficial do Senado Federal aos Estados Unidos entrou em sua fase mais decisiva. A apenas dois dias da entrada em vigor da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, imposta pelo Presidente Donald Trump, nós, senadores da Comissão de Relações Exteriores, intensificamos os esforços diplomáticos e institucionais em Washington. Nosso objetivo: evitar perdas bilionárias, proteger empregos e reafirmar a disposição do Senado brasileiro em manter pontes de diálogo entre os dois países.

A medida tarifária atinge diretamente setores como aço, alumínio, alimentos e produtos manufaturados. Segundo estimativas da Fiemg, o impacto pode ultrapassar R$ 175 bilhões em dez anos. Mas mais do que isso: representa empregos em risco, pais e mães de família atingidos por uma disputa em que não têm qualquer culpa. É preciso sensatez. É preciso equilíbrio.

Reitero aqui algo que sempre defendi com clareza: sou um defensor da liberdade de expressão, da democracia brasileira e do legado do Presidente Jair Bolsonaro. Luto contra abusos de poder, excessos judiciais e medidas que extrapolam os limites da legalidade sob qualquer pretexto.

Por isso, recebo com firme apoio a aplicação da Lei Magnitsky pelo Presidente Donald Trump contra o Ministro Alexandre de Moraes. Essa sanção é cirúrgica, legítima e representa um marco na defesa real das instituições democráticas. Mais do que uma medida simbólica, ela é um alento para milhares de brasileiros que vêm sofrendo com decisões autoritárias, muitas vezes sem o devido processo legal, desde os episódios de 8 de janeiro.

Ao mesmo tempo, reforço que a política externa brasileira é uma atribuição constitucional do Presidente da República, e cabe ao Presidente Lula o dever de se posicionar frente à Casa Branca, buscando um diálogo responsável com o Presidente Trump para reverter a tarifa e evitar um impacto ainda maior sobre nossa economia.

Nós, senadores, não cruzamos os braços. Durante encontros com representantes da U.S. Chamber of Commerce, empresas como Cargill, ExxonMobil e Johnson & Johnson, e especialistas das áreas jurídica e econômica, apresentamos dados, argumentos técnicos e disposição para construir soluções conjuntas. Reforçamos que o Brasil é parceiro confiável, com compromisso com a transparência, rastreabilidade e estabilidade institucional.

E é bom lembrar: o Brasil precisa se preparar para uma nova legislação americana em discussão, que exigirá rastreabilidade rigorosa de itens importados de países envolvidos em conflitos. Isso exige que o Brasil desenvolva urgentemente mecanismos para comprovar a origem e a necessidade de suas importações — evitando qualquer associação indevida com regimes em guerra ou práticas que possam ser interpretadas como financiamento indireto de ações contrárias aos interesses estratégicos dos EUA.

Entramos em uma nova era nas relações internacionais. A estabilidade comercial dependerá, cada vez mais, da coerência política e da firmeza institucional. Não basta querer agradar os dois lados. É preciso ter clareza de onde estamos e para onde queremos ir. O Brasil precisa dialogar, sim — mas também precisa se posicionar com altivez e responsabilidade.

A missão do Senado aos EUA é o início desse caminho. Que venham os próximos passos.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG

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