(Arquivo) Enfermeira aplica vacina contra o vírus do sarampo, caxumba e rubéola fabricada pela Merck no Departamento de Saúde do Condado de Utah, em 29 de abril de 2019, em Provo, Utah
GEORGE FREY
Um menor de idade tornou-se a primeira vítima fatal de um surto de sarampo no Texas, sul dos Estados Unidos, onde mais de 130 pessoas foram infectadas, informaram nesta quarta-feira (26) as autoridades de Saúde.
“A criança em idade escolar que não foi vacinada foi hospitalizada em Lubbock (noroeste do Texas) na semana passada e testou positivo para sarampo”, disse o Departamento de Saúde estadual em um comunicado.
Desde o início do ano, foram registrados 124 casos de sarampo no oeste do Texas e nove no estado vizinho do Novo México, o que aumentou a preocupação com o ressurgimento dessa doença altamente contagiosa em meio a uma redução nas taxas de vacinação.
A maioria dos casos ocorre em crianças. Dezoito delas foram hospitalizadas no Texas. “Embora os múltiplos surtos de sarampo nos Estados Unidos não tivessem ainda causado nenhuma morte, era apenas uma questão de tempo”, disse à AFP o médico especialista em doenças infecciosas Amesh Adalja, da Universidade Johns Hopkins.
“O sarampo ainda mata mais de 100.000 pessoas todos os anos em todo o mundo. A morte deve servir como um lembrete de que houve uma razão pela qual a vacina foi desenvolvida e de que a vacina é valiosa para as pessoas. Essas mortes são quase totalmente evitáveis”, acrescentou.
O epicentro do surto é o condado de Gaines, lar de uma importante população menonita, uma seita cristã com um histórico de relutância em relação às vacinas. A lei do Texas permite isenções de vacinas por razões de consciência, incluindo crenças religiosas.
O surto coincide com o início do mandato de Robert F. Kennedy Jr. como secretário de Saúde do governo do presidente republicano Donald Trump, um cargo que influencia a política de imunização do país.
Kennedy, um declarado cético em relação às vacinas, foi questionado por vincular a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR) ao autismo, uma associação que foi completamente desacreditada por pesquisas científicas.
– Altamente transmissível –
O sarampo é um vírus respiratório extremamente contagioso que se transmite por meio de gotículas respiratórias ou quando uma pessoa infectada respira, tosse ou espirra. Representa um risco sério para aqueles que não estão vacinados.
Durante os surtos, aproximadamente uma em cada cinco pessoas infectadas requer hospitalização e uma em cada 20 desenvolve pneumonia. Em casos raros, a doença provoca inflamação do cérebro e pode ser fatal.
O sarampo também aumenta o risco de complicações durante a gravidez, incluindo parto prematuro e baixo peso ao nascer. Em 2023, os Estados Unidos notificaram 285 casos de sarampo, de acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
O maior surto recente ocorreu em 2019, quando 1.274 casos, principalmente dentro das comunidades judaicas ortodoxas de Nova York e Nova Jersey, marcaram o total nacional mais alto em décadas.
Antes da introdução da vacina contra o sarampo em 1963, estima-se que, anualmente, entre três e quatro milhões de americanos contraíam a doença e várias centenas morriam.
Embora o sarampo tenha sido declarado eliminado nos Estados Unidos em 2000, ainda ocorrem surtos todos os anos. A nível global, o vírus continua sendo uma das principais causas de mortes evitáveis.