A equipe de desenvolvedores do Google Chrome
publicou uma atualização sobre o cronograma de lançamento do Manifest V3, novo sistema para extensões no navegador que afeta principalmente o funcionamento de adblockers. O calendário prevê que o Chrome vai desabilitar as extensões do antecessor, Manifest V2, a partir de junho de 2024 — a decisão tem impacto direto nos principais bloqueadores de anúncios disponíveis.
O que é Manifest V3?
O Manifest V3 é um sistema que garante o funcionamento das extensões no Chrome e em outros navegadores baseados em Chromium, como Edge e Opera
. A plataforma possui uma série de APIs para otimizar os plugins e consegue identificar quais scripts e permissões são usadas no navegador por cada item, por exemplo.
A terceira versão do sistema está em desenvolvimento desde 2018
com mudanças para garantir maior segurança e consistência para a criação de extensões. Inicialmente, o plano era encerrar o V2 e lançar o V3 em 2023
, mas a equipe do Chrome decidiu adiar o projeto para ouvir o feedback da comunidade de desenvolvedores e aplicar novas alterações no processo de migração.
–
Siga no Instagram
: acompanhe nossos bastidores, converse com nossa equipe, tire suas dúvidas e saiba em primeira mão as novidades que estão por vir no Canaltech.
–
Por que isso afeta os bloqueadores de anúncios?
O Manifest V3 abandona uma das principais APIs usadas no desenvolvimento dos bloqueadores de anúncios. Até a Manifest V2, as extensões interagiam diretamente com a API WebRequest, aplicada para gerenciar os cookies e arquivos de mídia: os adblockers impediam alguns pedidos da API e com isso eram capazes de travar a exibição de propagandas para o usuário.
No entanto, a nova versão do sistema prioriza a API declarativeNetRequest, que limita muito os poderes dos bloqueadores. Com a nova API, a extensão precisa informar as regras que deseja aplicar em uma página, mas a decisão de bloquear ou não fica por conta dos algoritmos do navegador. E é justamente graças a essa mudança que os derivados do projeto Chromium
tornariam os adblockers menos eficazes.
O anúncio da mudança incomodou usuários e criadores de adblockers, mas o Chrome garante que modificou alguns aspectos no Manifest para torná-lo mais amigável aos desenvolvedores. De acordo com as notas sobre as alterações no sistema, o projeto confirma que melhorou o suporte para filtrar conteúdos e aplicou “limites mais generosos” para a declarativeNetRequest.
“Com essas mudanças, vimos o apoio ao Manifest aumentar significativamente na comunidade de desenvolvedores de extensões. Especialmente, fomos encorajados pelo nosso diálogo contínuo com os desenvolvedores de extensões que bloqueiam conteúdos, que inicialmente sentiram que o Manifest V3 poderia impactar a habilidade de promover os recursos que os usuários mais esperam”, diz a equipe do Chrome em nota oficial.
O que pode mudar?
Ainda é necessário esperar a movimentação dos devs de bloqueadores de anúncios: algumas extensões podem ser encerradas em definitivo, enquanto outros plugins podem ser adaptados ao novo contexto do Manifest V3. O fato é que o fim do Manifest V2 terá um impacto direto no segmento, então o cenário deve mudar bastante a partir do segundo semestre de 2024.
Um dos bloqueadores de anúncios mais potentes da atualidade, o uBlock Origin é uma das extensões em risco com a mudança de sistemas — mas o software já possui uma versão que segue os padrões do Manifest V3, o uBlock Origin Lite, apesar de ela ter menos recursos que a original. Caso outras extensões não sigam o mesmo caminho, a alternativa pode ser recorrer a outros navegadores não baseados no Chromium, como o Mozilla Firefox
.
O Google
afirma que essas mudanças são aplicadas para garantir maior segurança na navegação, mas também é importante pontuar que boa parte da receita da empresa vem dos anúncios do Google Ads e do YouTube Ads, o que justificaria uma ação contra os adblockers tradicionais. Vale lembrar que o YouTube
já estabeleceu restrições para quem tenta assistir aos vídeos com um bloqueador ativo
.
Leia a matéria no Canaltech
.
Trending no Canaltech: