Representação artística de encontro de dois buracos negros
A maior fusão de buracos negros já registrada foi detectada por cientistas e gerou um buraco negro com aproximadamente 225 vezes a massa do Sol. A colisão envolveu dois buracos negros com massas estimadas em cerca de 100 e 140 vezes a do Sol, colocando-os em uma faixa considerada extremamente rara na astrofísica.
O evento cósmico será apresentado entre os dias 14 e 18 de julho, durante a 24ª Conferência Internacional sobre Relatividade Geral e Gravitação e a 16ª Conferência Edoardo Amaldi sobre Ondas Gravitacionais, em Glasgow, na Escócia.
A detecção ocorreu em 23 de novembro de 2023, fora dos limites da Via Láctea, e foi identificado a partir das distorções no espaço-tempo captadas pelos detectores dos Estados Unidos e do Japão.
O registro do fenômeno foi feito pelas instalações do LIGO, localizadas na Louisiana e em Washington. Esses observatórios utilizam dois túneis de quatro quilômetros, dispostos em “L”, com feixes de laser idênticos.
Quando uma onda gravitacional atravessa a Terra, ela deforma o espaço e altera levemente o comprimento desses feixes, o que permite identificar colisões distantes no universo.
O sinal detectado indicava uma colisão complexa, com dois buracos negros girando a velocidades elevadas. Esse fator dificulta o cálculo exato das massas, já que as simulações utilizadas pelos astrônomos dependem de modelos matemáticos baseados nas equações de Einstein.
“ Os buracos negros em GW231123 parecem estar altamente girando, e nossos modelos diferentes fornecem resultados distintos ”, explicou o físico Mark Hannam, da Universidade de Cardiff.
Faixa de massa considerada rara
Segundo Hannam, buracos negros com massas entre 60 e 130 vezes a do Sol não deveriam se formar pela simples morte de uma estrela, pois o colapso de estrelas muito grandes tende a gerar supernovas que impedem a criação do buraco negro.
“ Nesse caso, os buracos parecem estar exatamente nessa faixa ”, afirmou o físico.
Isso sugere que o buraco negro resultante pode fazer parte do grupo de massa intermediária, cuja existência ainda é pouco comprovada.
Para aprimorar os modelos e obter medições mais precisas, os cientistas dependem da observação de outros casos semelhantes, com características de rotação acentuada.
Orçamento pode comprometer pesquisas
Desde 2015, as colaborações LIGO, Virgo e KAGRA já detectaram cerca de 300 fusões de buracos negros, 200 delas apenas na fase mais recente.
Apesar dos avanços, o diretor do LIGO, David Reitze, alerta que cortes no orçamento promovidos pelo governo Trump ameaçam encerrar as atividades de um dos detectores, tornando futuras descobertas ” quase impossíveis “, segundo ele.