Os jatos emitidos por buracos negros
já são bem conhecidos pelos astrônomos, mas pela primeira vez eles estão observando alguns deles mudar de direção. A descoberta implica em mais camadas de complexidades na compreensão da evolução das galáxias e na formação de novas estrelas.
Quando buracos negros supermassivos se alimentam no centro de suas respectivas galáxias, disparam feixes de partículas para o espaço. Esses jatos estão sempre alinhados com o eixo de rotação dos buracos negros e, portanto, viajam em linha reta a partir dos polos norte e sul do objeto.
Contudo, uma equipe de pesquisadores encontrou algum desses jatos mudando consideravelmente de direção, como se os buracos negros apresentassem movimento de precessão. A descoberta foi feita com dados de raios-X do Chandra e do radiotelescópio Very Long Baseline Array (VLBA).
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Os astrônomos observaram 16 buracos negros supermassivos e estudaram as direções de seus jatos, comparando com as cavidades no gás quente ao redor, formadas no passado. Essas cavidades são feitas pelos próprios jatos, que empurram o gás para fora deixando uma marca temporal de suas trajetórias.
Assim, a localização das cavidades revelou à equipe a direção que os jatos apontavam milhões de anos antes. “Descobrimos que cerca de um terço dos jatos apontam agora em direções completamente diferentes das anteriores”, disse Francesco Ubertosi, da Universidade de Bolonha, em Itália, líder do estudo.
Esse movimento dos jatos pode ter implicações na formação de estrelas nas galáxias anfitriãs dos buracos negros. Isso ocorre porque os feixes energizam o gás quente dentro e ao redor da galáxia, evitando que ele esfrie o suficiente para formar novas estrelas.
Ao mudar de direção, os jatos podem suprimir a formação estelar em áreas muito maiores da galáxia, em comparação com o que eles fariam se permanecessem na mesma direção. Embora seja difícil — ou impossível — dizer se essa dinâmica ocorre nas galáxias observadas, os autores do estudo a consideram uma grande possibilidade.
O estudo foi publicado no The Astrophysical Journal
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