Talvez você tenha ouvido falar que o telescópio James Webb
teria encontrado sinais de vida em K2-18 b, um exoplaneta encontrado a 120 anos-luz da Terra. Será mesmo? Para o pesquisador Shang-Min Tsai e seus colegas, é cedo demais para dizer ao certo. No entanto, isso não significa que o Webb nunca vai encontrar evidências de vida em outros planetas, caso existam.
Tudo começou com um estudo publicado em 2023, quando o telescópio encontrou elementos descritos como possíveis bioassinaturas na atmosfera de K2-18 b
. Trata-se de um mundo que tem de duas a três vezes o diâmetro da Terra e 8,6 vezes a massa do nosso planeta.
De fato, existem muitos exoplanetas mortais para seres humanos
seja pela radiação das suas estrelas, seja pela falta de uma superfície sólida. Mas este não é o caso de K2-18 b, que se mostrou quase um “irmão gêmeo” da Terra.
–
Podcast Porta 101
: a equipe do Canaltech discute quinzenalmente assuntos relevantes, curiosos, e muitas vezes polêmicos, relacionados ao mundo da tecnologia, internet e inovação. Não deixe de acompanhar.
–
“Esse planeta recebe quase a mesma quantidade de radiação solar
que a Terra. E se a atmosfera for desconsiderada como um fator, K2-18 b tem uma temperatura próxima à da Terra, o que também é uma situação ideal para encontrar vida”, disse Shang-Min Tsai.
Pois bem, cientistas da Universidade de Cambridge descobriram que há dióxido de carbono e metano por lá sem traços de amônia — mas não só isso. “O que foi a cereja do bolo, em termos de busca por vida, é que no ano passado esses pesquisadores relataram uma tentativa de detecção de sulfeto de dimetila (DMS) na atmosfera desse planeta, que é produzido pelo fitoplâncton
oceânico na Terra”, recordou Tsai.
Em outras palavras, se o DMS se acumulou a ponto de ficar detectável, talvez exista algo lá produzindo-o 20 vezes mais rápido do que acontece em nosso planeta — e é possível que o responsável seja alguma forma de vida.
A detecção não foi conclusiva, e pensando nisso, Tsai e seus colegas decidiram analisar os sinais para verificar se o composto era o DMS. Através de modelos computacionais das características físicas e químicas do composto e da atmosfera do planeta, eles concluíram que é pouco provável que os dados indiquem o sulfeto de dimetila.
“O sinal se sobrepõe fortemente ao metano, e achamos que a identificação do DMS do metano está além da capacidade desse instrumento”, observou Tsai. Para identificar o sulfeto de dimetila com maior certeza, o Webb precisaria de instrumentos ainda mais sofisticados para observar comprimentos de onda do infravermelho na atmosfera.
Felizmente, há planos para o telescópio usar seus melhores recursos ainda neste ano para observar o planeta outra vez e mostrar, de uma vez por todas, se existe ou não DMS lá. “Em um planeta com uma atmosfera
rica em hidrogênio, é mais provável que encontremos sulfeto de dimetila produzido por vida em vez de oxigênio produzido por plantas e bactérias, como na Terra”, finalizou o coautor Eddie Schwieterman.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters
.
Leia a matéria no Canaltech
.
Trending no Canaltech: