A Polícia Civil do Distrito Federal(PCDF) identificou a mãe biológica de uma mulher, de 32 anos, técnica de enfermagem e moradora do Gama (DF). Na noite de segunda-feira (3), por meio de exames de DNA, o Instituto de Pesquisa de DNA Forense (IPDNA) da PCDF emitiu um laudo e concluiu sobre a maternidade biológica da mulher.
As investigações da polícia se concentram em descobrir se J éssica de Almeida Queiroz Daniel foi vítima de uma adoção ilegal quando recém-nascida, que acontece quando a família biológica entrega a criança a outra pessoa, que registra como se fosse sua, sem os trâmites legais.
Como é feito um teste de DNA?
Para descobrir sobre a maternidade de Jéssica, foi realizado um exame de DNA que, de acordo com o laboratório de medicina diagnóstica CDA, é feito a partir de coleta de materiais biológicos(como sangue, saliva e fios de cabelo). Na técnica, o laboratório isola o DNA das amostras e realiza o mapeamento dos genes, a partir de equipamentos chamados de sequenciadores de DNA.
Depois, compara-se os dados obtidos com os sequenciadores do possível pai ou mãe, analisando a compatibilidade entre as sequências genéticas. Metade do DNA de um filho vem da mãe e a outra metade do pai. Após a análise, é realizado um cálculo para definir o índice de paternidade/maternidade, que nunca é menor que 9,99% (nos casos de inclusão de paternidade).
Feitos por laboratórios credenciados que seguem à risca os cuidados contra contaminação, as chances do resultado ser errado é nula.
Caso de Jéssica
De acordo com a PCDF, a técnica de enfermagem conta que somente aos 15 anos descobriu que foi adotada quando era recém-nascida. Enquanto trabalhava no bar da família, no Gama, um cliente perguntou se ela já sabia quem eram seus pais biológicos.
A partir desse episódio, ao pressionar a família para obter informações, foi informada de que havia sido entregue, recém-nascida, à mãe afetiva por uma mulher, dentro de um apartamento na Asa Sul. Jéssica recebeu o laudo na tarde desta terça-feira (4), entregue pelo delegado-chefe da 3° Delegacia de Polícia, Victor Dan, e pelo diretor do IPDNA, Samuel Ferreira.
Como a polícia chegou na mãe de Jéssica?
Em 2023, Jéssica compartilhou sua história em uma rede social. Uma mulher comentou na postagem que ela poderia tentar usar uma plataforma de “ancestralidade”, onde as pessoas fazem exames de DNA para encontrar parentes. A técnica de enfermagem fez o exame e compartilhou seus dados com outras plataformas.
A partir disso, ela encontrou uma prima biológica nos Estados Unidos. Essas plataformas utilizam do exame de DNA de alguém cadastrado (no caso de Jéssica) e analisam se alguma parte da sequência de DNA é compatível com outra pessoa cadastrada no sistema.
Em contato por mensagens, a prima apontou o nome de uma tia, que acreditava ser a mãe biológica de Jéssica. Em 2024, ela procurou a Polícia Civil e fez um boletim de ocorrência sobre seu caso de adoção.
A possível mãe biológica concordou em fazer o teste de DNA, no qual foi confirmada a maternidade pelo IPDNA. A investigação da PCDF agora busca esclarecer as circunstâncias em que ocorreram as doações de três crianças, entre elas a técnica de enfermagem.