Paciente no leito do hospital experimenta óculos de inteligência artificial
Pode parecer impossível para quem está internado em um hospital, mas, no Ceará, já é realidade. O Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, unidade da Secretaria estadual da Saúde, tem transportado pacientes para ambientes que fogem da realidade da internação.
Por meio de óculos simples de realidade virtual, a equipe tem conseguido humanizar o cuidado e promover um auxílio para a saúde mental.
O paciente João Marcelo, de 52 anos, internado há pouco mais de um mês no HGWA, foi um dos que usaram o equipamento, com o acompanhamento da equipe de Psicologia da instituição. Antes de iniciar, o paciente informa qual é o seu desejo de ambiente para ser visitado virtualmente. No caso de João, o sonho dele era ir à praia. Com o auxílio de um celular, o ambiente é simulado.
“Eu me vi na praia. Senti até o cheiro do mar. É um desejo que tenho há mais de dois anos. Sempre que eu estava de folga do trabalho eu ia ver o mar. Até o cheiro do peixe me acalma e ter essa visão me deixou muito feliz”, relatou, emocionado.
Para a enfermeira Josyene de Lima, que presenciou o momento, o sentimento foi de alegria. “Percebi que traz lembranças boas para os pacientes. Muitas vezes eles ficam na enfermaria, por não conseguirem se locomover, e esse momento ajuda a tirar o estresse e trazer uma realidade diferente”, pontua.
Projeto de humanização
A ideia de utilizar os óculos para promover o bem-estar aos pacientes internados surgiu por meio de um projeto do Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) do HGWA. O item fica disponível na unidade para que os profissionais, ao identificar a possibilidade do uso pelo paciente, façam a solicitação, que conta com o apoio dos serviços da Psicologia e também da Terapia Ocupacional.
A psicóloga hospitalar do HGWA, Chirliane Xavier, explica que, antes do uso do equipamento, o paciente é avaliado. Entre os requisitos, estão as funções básicas de atenção, memória, nível de consciência e orientação. Após a aprovação, é feito um relato do que ele deseja conhecer e agendado o uso.
“É um momento de oportunidade do resgate dessa subjetividade. Isso traz um impacto emocional positivo. O paciente, quando está em um ambiente hospitalar, perde um pouco da sua personalidade, pois deixa a sua casa, deixa de fazer aquilo que ele gosta, para tratar da sua saúde em um momento crítico. Resgatar isso é proporcionar um pouco do que ele é. Foi muito importante ver o sorriso, o semblante, a melhora do humor, por uma atividade simples, mas que resgata aquilo que a pessoa é, para além da doença. O humor que melhora, abrange todo o entendimento físico e emocional”, finaliza.