Pedido de impeachment de Alexandre de Moraes foi oficialmente protocolado no Senado
Desde o dia 5 de agosto de 2025, iniciamos uma ação de obstrução legítima e pacífica nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A prisão do Presidente Jair Bolsonaro foi o ponto de ruptura, um marco simbólico de que os limites institucionais haviam sido ultrapassados. Com isso, nós, parlamentares conservadores e representantes da direita, nos vimos obrigados a reagir. Não por capricho político, mas porque entendemos que é nossa responsabilidade resgatar os rumos democráticos do Brasil.
Em 48 horas de resistência contínua, conseguimos vitórias concretas. Conseguimos reunir o apoio de 41 senadores para o pedido de impeachment do Ministro Alexandre de Moraes, um avanço significativo que impõe limites à governabilidade do atual governo. O Executivo e o Supremo já não contam mais com maioria no Senado. Nenhuma proposta passará sem o aval dos parlamentares que se colocam em defesa das liberdades fundamentais.
Segundo o líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL – RJ), a oposição deixou a Mesa Diretora após o presidente da Câmara, Hugo Motta sinalizar que irá pautar o projeto de anistia aos presos e investigados pelos atos de 8 de Janeiro e a PEC pelo fim do foro privilegiado, proposta esta que, apesar de ter sido aprovada por unanimidade no Senado em 2017, foi engavetada na Câmara por quase uma década.
O Projeto de Lei da Anistia representa muito mais do que um gesto simbólico. Ele corrige um dos maiores abusos institucionais da história recente: a criminalização generalizada de cidadãos comuns, que foram às ruas exercer seu direito constitucional de protestar. Milhares de brasileiros, incluindo pais e mães de família, trabalhadores, pequenos empresários, idosos e até adolescentes, foram perseguidos, presos, investigados ou multados por simplesmente manifestarem sua opinião política.
A anistia trará alívio imediato a essas famílias, que há anos vivem sob o peso do medo, da censura e da insegurança jurídica. A libertação dessas pessoas de processos injustos significa também devolver ao Brasil um pouco de sua paz social e restaurar a confiança de que ainda vivemos em um Estado de Direito.
O fim do foro privilegiado é outro passo fundamental. A manutenção desse privilégio institucionalizado perpetua desigualdades e afasta a população do senso de justiça. Cidadãos comuns respondem por seus atos perante juízes naturais; autoridades, muitas vezes, contam com uma rede de proteção que se estende indefinidamente nos tribunais superiores. A PEC que extingue o foro é uma medida de justiça e igualdade, valores que estão na base de qualquer democracia madura.
Ao mesmo tempo, não podemos ignorar o cenário de repressão que se intensifica a cada dia. O jornalista Michael Shellenberger tornou público um dossiê revelador: o Supremo Tribunal Federal teria criado uma força-tarefa informal e ilegal para prender manifestantes durante os atos de 8 de janeiro de 2023. São documentos e evidências que, em qualquer país democrático, já seriam suficientes para anular processos e apurar responsabilidades. No Brasil, são ignorados.
O Presidente Bolsonaro foi colocado em prisão domiciliar, sem que se apresentassem de forma transparente os fundamentos legais, os autores da solicitação ou a materialidade dos supostos crimes. A ele foi imposta a absurda proibição de se comunicar com pessoas não identificadas, mencionadas apenas por número de inquérito. A perseguição política atingiu também membros do Parlamento, como um senador da República que foi forçado a usar tornozeleira eletrônica e teve seus instrumentos de mandato cassados por decisão monocrática.
Estamos testemunhando uma escalada perigosa. O Legislativo é a última trincheira de defesa das liberdades democráticas. Se permanecermos inertes, seremos cúmplices do autoritarismo que se consolida. O Governo Federal e a cúpula do STF se afastaram dos princípios da Constituição e agora tentam manter-se no poder por meio da repressão e do medo.
A política externa adotada pelo Presidente Lula agrava ainda mais esse quadro. Durante a missão oficial a Washington, D.C., ficou claro que o Brasil passou a ser visto como um país hostil aos interesses do Ocidente. A imposição de sanções individuais a ministros do Supremo Tribunal Federal e as novas barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos são reflexos diretos da ruptura diplomática causada por escolhas ideológicas equivocadas.
Nada disso é casual. O Presidente Lula já afirmou, sem pudor, que o eleitorado mais fiel ao seu partido é composto por brasileiros que ganham até dois salários mínimos. E concluiu que aqueles que ascenderam economicamente tendem a se afastar do seu projeto de poder. A dedução é simples: manter o povo na pobreza é o meio de perpetuar o domínio político. Essa lógica perversa precisa ser interrompida.
Chegamos, portanto, a um momento decisivo da nossa história. Não se trata mais de oposição e governo, esquerda ou direita. Trata-se de liberdade contra autoritarismo, de dignidade contra humilhação, de verdade contra manipulação.
Nós, parlamentares, somos representantes diretos do povo. Cabe a nós reverter esse ciclo de arbitrariedades e restaurar o equilíbrio entre os Poderes. O Senado deve iniciar o processo de impeachment do Ministro Alexandre de Moraes.
É hora de levantar a voz, de agir com coragem e de proteger a nação que juramos defender. Enquanto ainda temos onde falar. Enquanto ainda podemos falar.
Senadores a favor do impeachment de Alexandre de Moraes:
- Alan Rick (União Brasil–AC)
- Alessandro Vieira (MDB–SE)
- Astronauta Marcos Pontes (PL–SP)
- Carlos Portinho (PL–RJ)
- Carlos Viana (Podemos–MG)
- Cleitinho (Republicanos–MG)
- Damares Alves (Republicanos–DF)
- Dr. Hiran (PP-RR)
- Eduardo Girão (Novo–CE)
- Eduardo Gomes (PL–TO)
- Efraim Filho (União Brasil-PB)
- Esperidião Amin (PP–SC)
- Flávio Bolsonaro (PL–RJ)
- Hamilton Mourão (Republicanos–RS)
- Ivete da Silveira (MDB-SC)
- Izalci Lucas (PL–DF)
- Jaime Bagattoli (PL–RO)
- Jayme Campos (União Brasil–MT)
- Jorge Kajuru (PSB–GO)
- Jorge Seif (PL–SC)
- Laércio Oliveira (Progressistas-SE)
- Lucas Barreto (PSD–AP)
- Luis Carlos Heinze (PP–RS)
- Magno Malta (PL–ES)
- Marcio Bittar (União Brasil–AC)
- Marcos Rogério (PL–RO)
- Marcos do Val (Podemos–ES)
- Margareth Buzetti (PSD–MT)
- Mecias de Jesus (Republicanos-RR)
- Nelsinho Trad (PSD–MS)
- Oriovisto Guimarães (Podemos–PR)
- Pedro Chaves (MDB-GO)
- Plínio Valério (PSDB–AM)
- Professora Dorinha Seabra (União Brasil–TO)
- Rogério Marinho (PL–RN)
- Sergio Moro (União Brasil–PR)
- Styvenson Valentim (Podemos–RN)
- Tereza Cristina (PP–MS)
- Wellington Fagundes (PL–MT)
- Wilder Morais (PL–GO)
- Zequinha Marinho (Podemos–PA)
O placar está disponível no site votossenadores.com.br, criado em 2024 por parlamentares da oposição ao ministro responsável pelas ações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelos processos relacionados aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG