sexta-feira, 18 de abril de 2025

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Hackeamento Biológico:Precificaram o DNA

Hackeamento Biológico: Precificaram o DNA  – O Mercado da Vida Humana

O Corpo Humano Virou um Produto?
Pense no seguinte: seu cérebro pode valer mais que seu salário anual. Seu DNA pode ser vendido como um pacote de dados. Seus sonhos podem ser transformados em filmes para entretenimento alheio. Parece roteiro de Black Mirror, mas estamos mais perto disso do que imaginamos.

O avanço da inteligência artificial, biologia sintética, computação quântica e bioinformática está levando a uma exploração sem precedentes do corpo humano. Depois de baterem em barreiras físicas (como o consumo absurdo de energia dos data centers de IA), gigantes da tecnologia estão de olho em nosso cérebro, DNA e até em nossos impulsos nervosos como recursos valiosos.

Mas qual o preço ético disso? Quem lucra com nossos dados biológicos? E o que pensam filósofos, cientistas e líderes religiosos sobre essa nova fronteira de exploração?

Nesse artigo, analiso os riscos dessa commoditização da vida humana.

Internet

Biocomputação, Organoides, Implantes

1. Biocomputação: Quando Seu Cérebro Vira um Supercomputador
Neuralink e a Conexão Cérebro-Máquina
A Neuralink, empresa de Elon Musk, já está testando chips cerebrais em humanos. O discurso oficial é médico: ajudar pessoas com paralisia ou doenças neurodegenerativas. Mas o potencial vai muito além:

Processamento distribuído: Se milhões de pessoas tiverem chips cerebrais, poderiam formar uma rede de computação orgânica, usando nossos neurônios como servidores.
Sonhos gravados e vendidos: Pesquisadores do MIT e do Japão, já conseguem reconstruir imagens a partir da atividade cerebral usando IA. Empresas como Sony patentearam tecnologias para gravar e reproduzir sonhos.
Controle mental militar:DARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA) investiu US$ 65 milhões em interfaces cérebro-máquina para soldados.
E se seu cérebro for hackeado?  Se um chip pode ler seus pensamentos, quem garante que eles não serão vendidos?

OpenWater: Lendo Mentes com Infravermelho

A startup OpenWater, fundada por uma ex-executiva do Facebook, está desenvolvendo um dispositivo não-invasivo que usa luz infravermelha para ler pensamentos em tempo real. A promessa é revolucionar diagnósticos médicos, mas o potencial para vigilância cerebral é assustador.

Hackeamento Lucrativo
Internet

Hackeamento Lucrativo

2. DNA: O Novo Petróleo das Big Techs
23andMe, AncestryDNA e a Monetização de Genes
Empresas de testes genéticos coletam dados de milhões de pessoas sob o pretexto de “descobrir suas origens”. Mas o verdadeiro negócio é vender seu DNA:

Em 2020, a farmacêutica GlaxoSmithKline  pagou US$ 300 milhões para acessar o banco de dados da 23andMe.
O mercado global de dados genéticos deve valer US$ 68 bilhões até 2027 (Grand View Research).
Risco de discriminação: Empresas de seguros já usam dados genéticos para calcular prêmios. Nos EUA, a Lei GINA (2008) proíbe isso, mas falhas na regulamentação permitem brechas.
Casos Reais: DNA Usado Contra Você
Golden State Killer (2018): O FBI resolveu o caso cruzando DNA de cena de crime com bancos de dados públicos.
China e Vigilância Genética: O governo chinês coleta DNA de minorias étnicas, como os uigures, sob o pretexto de “segurança nacional”.
Se seu DNA for sequestrado por hackers? Já existem casos de extorsão genética, onde criminosos ameaçam revelar doenças hereditárias de famílias.

Hackeando Sonhos
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Hackeando Sonhos

3. Biohacking e Implantes: O Humano 2.0
Microchips Subcutâneos: Conveniência ou Controle?
Na Suécia, mais de 6.000 pessoas já implantaram chips RFID sob a pele para substituir cartões e senhas. Empresas como Biohax International vendem esses dispositivos.

Vantagem: Abrir portas, pagar com a mão, carregar dados médicos.
Risco: Se hackeado, seu implante pode rastrear cada movimento seu.
Órgãos Artificiais e Edição Genética
A CRISPR-Cas9 permite editar genes com precisão. Em 2018, o cientista chinês He Jiankui modificou embriões humanos para resistir ao HIV.

Eugenia digital?: Se genes virarem “software”, ricos poderão comprar imunidade a doenças, enquanto pobres ficam com “DNA obsoleto”.
Biofábricas: Empresas como Synthetic Genomics criam organismos sintéticos para produzir combustível e remédios.

Yuval Harari e Outros Pensadores preocupam-se com o Hackeamento do DNA Humano
Internet

Yuval Harari e Outros Pensadores preocupam-se com o Hackeamento do DNA Humano

4. Opiniões de Filósofos, Cientistas e Religiosos
Filósofos: A Humanidade em Risco?
Yuval Noah Harari:
“Se corporações controlarem nossa biologia, a humanidade pode se dividir em castas genéticas. Os ricos serão ‘upgraded’, os pobres, descartáveis.”
Nick Bostrom (Oxford):
“Cérebros hackeados significam o fim da privacidade mental. Seremos a primeira geração a ter nossos pensamentos invadidos por algoritmos.”
Byung-Chul Han:
“A biopolítica do século XXI não é mais sobre disciplinar corpos, mas extrair dados deles. Somos mineradoras de nossa própria carne.”
Cientistas: Inovação ou Exploração?
Jennifer Doudna (Nobel por CRISPR):
“Precisamos de regulamentação global. Edição genética não pode ser um luxo para bilionários.”
Meredith Broussard (NYU):
“Big Techs tratam corpos como hardware obsoleto. Nosso sangue, neurônios e genes viraram commodities.”
Michio Kaku (Físico):
“A computação quântica pode decifrar nosso DNA em segundos. Se não protegermos esses dados, seremos escaneados como produtos.”
Religiões: A Alma Está à Venda?
Vaticano (Papa Francisco, 2023):
“A vida humana não pode ser reduzida a um algoritmo. Manipular a essência biológica é brincar de Deus.”
Budismo (Dalai Lama):
“A mente não é um dispositivo. Tecnologias que invadem nossa consciência perturbam o equilíbrio kármico.”
Islamismo (Conselho de Fiqh):
“Modificar a criação divina sem necessidade é haram (proibido). O DNA é uma herança sagrada.”

Gilberto Lima Junior
Internet

Gilberto Namastech – Futurista

O Preço da Evolução Tecnológica
Estamos entrando em uma era onde DNA, neurônios e órgãos são ativos comerciais. A Biocomputação pode curar doenças, mas também criar uma nova forma de escravidão biológica.

Se não estabelecermos limites éticos agora, corremos o risco de monetizar a própria essência humana. Num futuro próximo, espero que não faça sentido perguntar:

Você ainda é dono do seu corpo ou já virou um produto nas prateleiras das Big Techs?

Gilberto Lima Junior é Palestrante Internacional, Humanista Digital e Membro do Board de diversas empresas no Brasil e no exterior: @gilbertonamastech

Fontes e Referências
Grand View Research (2023). Genetic Testing Market Report.
MIT Media Lab (2022). Reconstruindo Imagens a Partir da Atividade Cerebral.
DARPA (2023). Programa Next-Gen N3.
Harari, Y.N. (2018). 21 Lições para o Século 21.
Bostrom, N. (2014). Superinteligência: Caminhos, Perigos, Estratégias.
Declaração do Vaticano sobre Bioética (2023).

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