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Genoma do rinoceronte-lanoso é reconstruído a partir de fóssil de fezes de hiena

Augusto Dala Costa

Genoma do rinoceronte-lanoso é reconstruído a partir de fóssil de fezes de hiena

Cientistas conseguiram, pela primeira vez, reconstruir o genoma mitocondrial de um rinoceronte-lanoso, animal extinto há milhares de anos
e que habitava Europa e Ásia quando ainda estava vivo. O DNA da criatura foi extraído a partir das fezes hienas-das-cavernas encontradas na Alemanha, e trouxe novidades interessante sobre ambas as espécies.

Até hoje, já foram encontrados diversos restos de rinocerontes-lanosos ( Coelodonta antiquitatis
), mas, curiosamente, nenhum genoma da população europeia da espécie, extinta há 10.000 anos, estava disponível. Todos os dados de seu DNA vinham de espécimes da Sibéria, algo que mesmo os pesquisadores achavam estranho.

A questão foi resolvida com coprólitos, fezes fossilizadas que, apesar de não parecer, são extremamente úteis aos paleontólogos. Para os grandes mamíferos, foram usados os excrementos das também extintas hienas-das-cavernas ( Crocuta crocuta spelaea
), que era uma das predadores dos rinocerontes-lanosos. Além de ser possível isolar o DNA da espécie chifruda, seu genoma mitocondrial também foi remontado, algo inédito na ciência.


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O que nos dizem os coprólitos

Os genomas mitocondriais
, ou mitogenomas, são informações genéticas encontradas dentro das mitocôndrias, as “usinas de energia” das células. Herdando características da mãe de um organismo, elas são mais resistentes à degradação do que o DNA nuclear, sendo bastante úteis para descobrir a ancestralidade de indivíduos. Além dos mitogenomas dos rinocerontes-lanosos, também foi possível revelar o mesmo das hienas-das-cavernas, entendo melhor ambas as espécies.

A variabilidade na linhagem dos rinocerontes, como visto no estudo, indica que as dinâmicas populacionais durante a longa existência da espécie podem ter sido bastante complexas. Para chegar a conclusões mais sólidas sobre as dinâmicas populacionais e ecologia dos bichos, no entanto, são necessários mais dados vindos de diversos locais diferentes da Europa.

Algumas sequências de DNA estavam degradadas, mas havia o suficiente para encontrar evidências de uma divisão populacional há cerca de 450.000 anos, tornando os mitogenomas dos rinocerontes-lanosos europeus diferentes dos siberianos, sugerindo uma divergência mais ou menos ao mesmo tempo em que os fósseis da espécie começam a aparecer nos registros da Europa.

Segundo os cientistas, esses vislumbres do passado são muito importantes, especialmente porque as espécies provavelmente se extinguiram por conta de mudanças climáticas — frente às crises atuais no clima, entender melhor como funcionaram as dinâmicas populacionais de animais do passado pode nos dar uma ideia de como outros animais selvagens se desenvolverão no futuro
, o que pode ajudar a preservá-los e sobreviver a um planeta mais instável.

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