A Finlândia inaugurou, nas últimas semanas, a primeira fazenda (ou fábrica) que promete produzir proteína em pó a partir do nada. Na verdade, são micróbios alimentados com ar e eletricidade, conforme detalha a empresa responsável pela iniciativa, a Solar Foods. É uma aposta para limitar a produção de carbono e os efeitos das mudanças climáticas
.
O interessante é que a produção de proteínas pode ser feita em espaços bem menores do que os tradicionalmente usados pela agropecuária, com a criação de gado. Além disso, é menos cara que a agricultura celular, na qual os cientistas cultivam células de um “bife” em laboratório
. O impacto ambiental também diminui, já que os insumos necessários são facilmente encontrados.
“Seremos capazes de entregar quantidades [de proteína em pó] que permitirão aos produtores de alimentos, pela primeira vez, a criação de grandes lotes de produtos”, afirma Pasi Vainikka, CEO e cofundador da Solar Foods, em nota. Em breve, será possível encontrar alimentos enriquecidos com esse produto nos supermercados da Finlândia, aposta.
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Fazenda de proteína
Oficialmente, a proteína da empresa finlandesa recebe o nome de Solein. É um pó amarelo altamente proteíco, com aminoácidos essenciais, além de ferro e vitamina B
, segundo os desenvolvedores.
“A composição de macronutrientes das células de Solein é muito semelhante à da soja seca ou das algas”, detalha a empresa.
Sem sabor, a ideia é que o produto seja adotado para substituir proteínas existentes em uma variedade de alimentos, como laticínios, lanches, bebidas, macarrão, massas, pães ou mesmo pastas. Seria uma maneira de aumentar o nível de proteínas de uma refeição.
Produção de proteínas através do ar
A nova proteína é produzida a partir de um bioprocesso em que os micróbios são “alimentados” com gases (dióxido de carbono, hidrogênio e oxigênio) e pequenas quantidades de nutrientes.
Em partes, a produção se assemelha à vinificação, ou seja, o processo que transforma a uva madura em vinho. No entanto, o dióxido de carbono e o hidrogênio são substitutos do açúcar como fonte de carbono e energia para esses micróbios.
Para isso, a fazenda finlandesa conta com um eletrolisador, responsável por “quebrar” a água em oxigênio e hidrogênio. Além disso, há uma tecnologia
conhecida como DAC (Direct Air Capture), capaz de extrair dióxido de carbono
diretamente do ar ambiente e entregar para a cultura de micróbios.
Nesse processo, é preciso utilizar a energia elétrica, que pode ser obtida de fontes renováveis, como painéis solares ou mesmo turbinas eólicas.
Primeira fábrica na Finlândia
Com a fábrica, a expectativa é produzir 160 toneladas de proteína no primeiro ano da operação. Isso poderá gerar de 5 a 8 milhões de refeições, com o uso produto pioneiro. Em termos globais, ainda é pouco, mas pode ser encarado como um primeiro passo.
Segundo os desenvolvedores, a fazenda da Solar Foods poderá produzir a mesma quantidade diária de proteína que uma fazenda com 300 cabeças de gado leiteiro, o que reforça o viés de alternativa contra o impacto das mudanças climáticas
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