A tendência do “feed zero” é uma das mais populares entre os jovens da geração Z, que engloba os nascidos entre 1997 e 2002. Ela consiste em deixar vazios os feeds das redes sociais, como as fotos do Instagram ou do Facebook, e dar prioridade aos conteúdos efêmeros, como os stories que desaparecem após 24h.

A popularidade do feed vazio entre esses jovens pode ser explicada por dois fatores: o primeiro, que se trata de uma geração que já cresceu inserida na era digital – ou seja, além de não se tratar de uma grande novidade, eles já são familiarizados e extremamente conscientes sobre seus comportamentos online. Dessa forma, não postar fotos é também proteger a própria privacidade e se blindar de possíveis feedbacks negativos.

“Eles têm com certeza quase que uma aversão à permanência e pegadas digitais. A geração Z está crescendo nesta era que é tão pública. Eles não têm os mesmos espaços privados para explorar, para serem esquisitos, para se descobrirem, que gerações mais velhas como eu, como millennial, tive ao crescer”, afirmou Kim Garcia, pesquisadora da Meta sobre tendências culturais do Instagram, à rádio americana NPR.

O segundo, é que a estética “vazia” e “despreocupada” foi uma forma encontrada por eles para se diferenciarem de gerações anteriores, como os millenials (1980 – 1995), que consideram exibicionistas ou “cringe” (termo usado na internet para se referir a algo constrangedor).

Ao contrário do que aparentam com seus feeds vazios, os “Zs” são tão presentes e ativos virtualmente quanto a geração anterior. A diferença está no modo: eles se dedicam mais às DMs e aos stories, de interações momentâneas, para se comunicarem.

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Há também os jovens que criam perfis fakes, falsos ou “dix”, como uma versão “não-oficial” de sua persona virtual. Nesses perfis, geralmente privados e acessados única e exclusivamente por amigos da mesma idade, eles criam um diário digital para compartilharem suas experiências sem o risco de serem julgados.

“As pessoas perdem a noção”, diz jovem da geração Z

“Quando eu era pequena, minha mãe postava fotos minhas dia sim, dia não, algumas muito vergonhosas. Então não é como se eu precisasse criar essa ‘linha do tempo’ no meu próprio perfil, pra início de conversa”, explica a jovem Daniela* de 16 anos, que tem o “perfil vazio”.

Segundo Daniela, muitos jovens da geração Z crescem em contato com o “medo do cancelamento”, que também contribui para a manutenção do “feed zero”.

“Na internet as pessoas perdem a noção, pelo menos eu acho. Todo dia você vê alguém sendo cancelado, às vezes por motivos que fazem sentido, outros nem tanto. E isso afeta muito o psicológico”, pontua a adolescente.

“Pra ser honesta eu nem fico pensando muito nisso de não postar, não é algo consciente, pelo menos pra mim, eu fico mais focada em participar das coisas, acompanhar as pessoas. Mas preciso admitir que também sou bem crítica antes de postar até um story. (…) Acho que é uma coisa “da fase”, essa coisa do medo do julgamento, porque tem coisas muito legais acontecendo na minha vida que quero deixar registrado para sempre”, conclui Daniela.

* Nome fictício.

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