terça-feira, 16 de setembro de 2025

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Entenda: a urgência da Política Nacional para Pesquisa Polar

Senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Paulo Câmara, Professor do Departamento de Botânica da Universidade de Brasília (Unb)Foto: Rodrigo Simon/Assessoria

Em um mundo onde os desafios do século XXI, como a escassez de água, a sustentabilidade dos oceanos e as mudanças climáticas extremas, exigem respostas mundiais e imediatas, o Brasil se destaca como uma das poucas nações que mantém presença científica contínua na Antártica. No entanto, essa atuação estratégica demanda um marco regulatório que garanta o suporte necessário para a continuidade e a ampliação das pesquisas polares. 

É nesse contexto que propus a Política Nacional para Pesquisa Polar, um instrumento fundamental para definir diretrizes claras e assegurar o apoio logístico, financeiro e institucional aos cientistas brasileiros. Com pesquisas que vão além do clima, impactando áreas como meio ambiente, agricultura e até medicina, essa política é uma resposta à necessidade urgente de fortalecer a presença nacional no continente gelado e garantir que o Brasil continue contribuindo para o conhecimento global e para a defesa de seus interesses geopolíticos.

O Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), responsável por garantir a presença científica do Brasil na Antártica, enfrenta um momento complexo. Com os investimentos previstos para o programa se esgotando até o final deste ano, ainda não houve confirmação de renovação dos recursos necessários para sua continuidade. A falta de garantias financeiras coloca em risco a manutenção da Base Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) e o suporte às pesquisas científicas, comprometendo a coordenação da logística por parte da Marinha do Brasil, com o apoio da Força Aérea Brasileira e o compromisso do país com a ciência polar e sua presença estratégica no continente gelado.

Os desafios também vão além da atuação parlamentar, envolvendo adesão a tratados e participação em regimes internacionais; defesa nacional e estratégia; geopolítica polar; pesquisa, desenvolvimento e inovação; e orçamento. Uma outra questão, é a falta de uma legislação nacional específica para as pesquisas nas regiões polares. A fragmentação de normas em diferentes instâncias fragiliza o programa e a condução das pesquisas.

Nesta quarta-feira (14/04), liderei no Senado Federal, uma audiência pública sobre o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), sua importância estratégica para o Brasil, seus avanços científicos e operacionais, bem como os desafios e perspectivas para o futuro. Logo após a audiência pública, depois de ouvir especialistas da área, apresentei o Projeto de Lei nº 2298/2025 que cria a Política Nacional para Pesquisa Polar. O futuro do PROANTAR é o futuro da ciência brasileira no cenário internacional.

A Antártica é o continente mais ao sul do planeta, possui uma vasta extensão de gelo que cobre cerca de 14 milhões de quilômetros quadrados e é um grande regulador térmico. É um continente que, embora mais frio, seco e ventoso da Terra, desempenha um papel de extrema importância para o equilíbrio do mundo. A região funciona como um gigantesco laboratório natural, permitindo o estudo de fenômenos climáticos, da vida marinha, a compreensão das mudanças ambientais e o monitoramento dos oceanos. As pesquisas realizadas lá revelam microorganismos adaptados a condições extremas que podem inspirar novos tratamentos. A presença científica no continente gelado é, portanto, uma ferramenta indispensável para o conhecimento e a preservação do planeta.

A criação de uma Política Nacional de Pesquisa Polar se torna fundamental para o estabelecimento de diretrizes únicas e inequívocas para o desenvolvimento de projetos na região do Ártico e da Antártica. O objetivo é garantir a segurança jurídica para as pesquisas, promover a transparência dos processos e da divulgação dos resultados e motivar a presença brasileira nos acordos internacionais. Essa é uma forma de nos comprometemos com a conservação da biodiversidade e o enfrentamento dos efeitos adversos da mudança do clima, com foco especial nos efeitos sobre o território nacional.

Senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Senador Izalci Lucas (PL-DF)Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Na reunião, estiverem presentes: Cesar Amaral, Professor Adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Andréa Cruz, Coordenadora-Geral de Ciências para o Oceano e Antártica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); Jefferson Simões, Delegado Nacional no Comitê Científico de Pesquisas Antárticas do Conselho Internacional de Ciências; Eden Martingo, Ministério das Relações Exteriores (MRE); Ricardo Jaques Ferreira, Secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar da Marinha do Brasil; Julio César Piffero de Siqueira, Coordenador-Geral de Fomento a Ações Estratégicas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Representante de Ministério da Educação (MEC); Moacyr Cunha de Araújo Filho, Vice-Reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Paulo Câmara, Professor do Departamento de Botânica da Universidade de Brasília (UnB). As apresentações de cada especialista você encontra no site do Senado Federal.

Senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Senador Wellington Fagundes (PL-MT)Foto: Rodrigo Simin/Assessoria

Durante minha gestão como Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, tive a honra e o privilégio de acompanhar de perto os avanços do PROANTAR lá na Antártica. Visitei a Estação Antártica Comandante Ferraz, onde pude observar os novos equipamentos e laboratórios, conversar com pesquisadores e reafirmar o com a continuidade desse programa tão estratégico. Disponibilizamos recursos e instalamos as antenas 4G na região.

Visita dos alunos do ensino médio da escola Nossa Senhora das Graças de São PauloFOTO: AGÊNCIA SENADO

Os investimentos do CNPq no PROANTAR geraram um aumento significativo na produção de artigos científicos de alta qualidade. Essa conquista representa o trabalho árduo dos nossos cientistas, que, em meio ao gelo e aos desafios extremos do continente antártico, dedicam-se a produzir conhecimento de ponta para o Brasil e para o mundo. Isso reafirma uma verdade fundamental: ciência de qualidade depende de investimento contínuo e estratégico.

Falamos aqui de pesquisas que vão muito além da Antártica. Estudos realizados no PROANTAR têm impacto direto em diversas áreas, como o monitoramento dos gases de efeito estufa, a análise das mudanças climáticas e seus impactos no agronegócio, e a compreensão dos fenômenos da natureza, que afetam diretamente o clima brasileiro e mundial.

A instalação do Módulo Criosfera 2, que amplia a área de pesquisa em mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, é mais um exemplo do nosso compromisso em garantir que o Brasil mantenha seu papel de destaque na ciência polar.

Fizemos um esforço para fortalecer as pesquisas científicas realizadas ali. Mas esse esforço precisa ser mantido. O país precisa dar valor e priorizar de forma correta essa questão no orçamento federal. 

A pesquisa polar é necessária nas regiões polares para sua preservação e conhecimento, especialmente em relação aos aspectos do clima, da conservação da biodiversidade e dos recursos minerais. Os investimentos feitos na área são relevantes para a Defesa, a agricultura, a preservação do meio ambiente, o desenvolvimento científico e tecnológico e a capacitação voltada ao enfrentamento da mudança do clima, a curto, médio e longo prazo.

O PROANTAR é um programa científico e é um símbolo do nosso compromisso com a ciência, com o meio ambiente e com o futuro do Brasil. As pesquisas brasileiras não são para ficar nas prateleiras. Elas são feitas para beneficiar a população.

Em um mundo onde o conhecimento científico é o caminho para enfrentar desafios mundiais, o PROANTAR se destaca como uma iniciativa estratégica. No entanto, sua continuidade depende de decisões políticas e do compromisso com o financiamento adequado. A Política Nacional da Pesquisa Polar vai garantir que o país continue produzindo conhecimento e se projetando no cenário internacional.

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