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Crítica Jogos Vorazes: A Cantiga | Prequel é bem construído e dá força à saga

Diandra Guedes

Crítica Jogos Vorazes: A Cantiga | Prequel é bem construído e dá força à saga

É pouco provável encontrar alguém que, pelo menos, não tenha ouvido falar em Jogos Vorazes
. A adaptação cinematográfica dos livros homônimos de Suzanne Collins é considerada uma das melhores dos últimos tempos e, para felicidade dos fãs,
Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes

é mais mais um excelente capítulo da saga.

Também dirigido por Francis Lawrence (que assinou Em Chamas
), o longa é uma prequência
das histórias apresentadas, e mostra um pouco mais sobre a origem da competição e do lado sombrio de Coriolanus Snow, o vilão da saga.

Brilhante em sua maioria, o filme tem um bom ritmo e, apesar de prender o público por duas horas e meia no cinema, não cansa. Para começar, o primeiro ato se debruça sobre a infância e a juventude miserável de Snow, aqui vivido por Tom Blyth, e a expectativa que ele tinha de ser escolhido como um dos melhores alunos da capital e ganhar um prêmio que mudaria sua vida.


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Isso, no entanto, não acontece e ele é obrigado a se tornar mentor de um tributo do Distrito 12. A sorteada é Lucy Gray, uma cantora de um bando itinerante que não aparenta ter a menor chance de vencer o jogo. Vivida com maestria por Rachel Zegler, a jovem é meiga e forte ao mesmo tempo e protagoniza a maior parte da trama ao lado de Snow. Suas canções embalam o longa e, felizmente, ajudam no ritmo, sem se tornarem em uma baboseira qualquer.

O segundo ato mantém o ritmo e foca na disputa em si, mostrando a aproximação afetiva de Snow e Lucy, e os pormenores desse jogo tão macabro quanto sádico que busca entreter uma minoria privilegiada. Vale ressaltar que a crítica social é feita a partir desse ponto.
Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes

é uma mistura de
Big Brother

com
Round 6

e mostra que o público não se importa em assistir a um espetáculo cruel, desde que ele os entretenha.

Por fim, o terceiro ato é o que mais destoa do restante da história e onde a narrativa perde fôlego. A sensação que fica é que as duas primeiras partes foram tão intensas e rápidas, cheias de cenas de ação, que o final ficou morno. Nessa parte, Snow e Lucy já sobreviveram aos jogos e agora tentam encontrar uma maneira de ficarem juntos.

O problema é que, além de terem que deixar tudo para trás, Snow não se sente confortável em renunciar seu legado de membro da Capital. Sem entrar em muitos detalhes aqui para não estragar a experiência do leitor, o que se pode dizer é que o desfecho é muito mais carregado de drama e romance que todo o resto do filme, o que faz parecer que estamos vendo outro capítulo da história.

Outro ponto que incomoda é que, embora a prequência não tenha sido criada para “limpar a barra” do vilão e redimi-lo, o personagem é construído como alguém minimamente bom nas duas primeiras partes, com erros e acertos, é claro, mas com atitudes totalmente compreensíveis. No final, no entanto, ele é tomado por uma revolta que o faz se tornar o grande antagonista da saga. O problema é que, mesmo que Snow tenha sofrido com injustiças sociais, todos os motivos apresentados parecem fracos para justificar sua crueldade futura.

Viola Davis vive um Willy Wonka cruel

Deixando o enredo um pouco de lado e focando no elenco, é preciso dizer que duas adições à saga chamaram a atenção. A primeira é de Viola Davis (
A Mulher Rei

) como a Dra. Volumnia Gaul, uma cientista especializada em táticas de guerra e responsável por criar algumas provas da competição. É dela a autoria da criação das cobras assassinas e dos pássaros dedos duros.

Como não poderia deixar de ser, Davis brilha novamente em cena e, mesmo espremida na trama, consegue entregar todo seu talento como a cientista excêntrica com um quê de Willy Wonka — personagem em quem foi inspirada. Outro talento que se destaca é Peter Dinklage (
Game of Thrones

) como Casca Highbottom, um dos idealizadores dos Jogos Vorazes que, ao lado do pai de Snow, criou a competição sem saber o rumo que ela tomaria. Mergulhado em culpa, frustração e angústia, ele encontra na bebida e nas drogas a solução para o seu problema.

Os protagonistas, por sua vez, também não fazem feio. Rachel Zegler é mais consistente e consegue muito bem oscilar entre a doçura e a dureza para criar as camadas necessárias de sua Lucy Gray. Com apenas 22 anos, a atriz mostrou que não se acanha frente a um desafio tão importante como o de protagonizar um filme da saga, e deixou claro que provavelmente será uma ótima Branca de Neve no live action da Disney que estreará em 2024
.

Tom Blyth ( Robin Hood
) também não desagrada, ainda que seu Snow fique um pouquinho caricato nos momentos de fúria. Mas vale dizer que o grande problema do personagem está na construção do seu arco e não necessariamente na atuação de Blyth.

Prequência é ágil como serpentes e bonita como pássaros

Por fim, com bons acertos de adaptação e execução, Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
é mais um ótimo capítulo da saga e dá força à franquia à medida que acrescenta informações sobre a origem dos jogos e a trajetória de um dos personagens mais importantes da história.

Lawrence conseguiu condensar bem as mais de 500 páginas do livro homônimo na tela, e guiou com precisão o elenco para que eles entregassem o melhor em cena, sem perder o ritmo rápido. Falando dos efeitos especiais, eles também não fazem feio e o filme se preocupa em criar ótimas cenas de batalhas, poupando o espectador do detalhes gráficos. A sonoplastia, por sua vez, se torna quase um personagem e é essencial para quebrar os momentos mais lentos e prender a atenção do público.

Quem quiser assistir à trama, não irá se decepcionar e curtirá ainda mais a história se puder vê-la em uma sala IMAX. Lembrando que Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
chega aos cinemas no dia 15 de novembro
.

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.

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