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Crítica Imaculada | Muita promessa para pouco terror

Paulinha Alves

Crítica Imaculada | Muita promessa para pouco terror

Assistir a um filme com muita expectativa costuma ser bastante arriscado, já que nem sempre um longa-metragem consegue corresponder ao que esperávamos dele. O cinema, no entanto, já nos surpreendeu diversas vezes ao mostrar que uma campanha de marketing audaciosa ou mesmo a boa repercussão de um título podem servir como combustível para melhorar essa experiência.

Imaculada
, longa-metragem de terror estrelado por Sydney Sweeney
(
Todos Menos Você

) que estreou em março nos EUA e chega nesta quinta-feira (30) ao Brasil, não é, porém, um desses títulos em que o frisson da espera vale a pena.

O filme, que ganhou força no boca a boca, chegou a ser apontado como o melhor longa-metragem de terror do ano e teve relatos de pessoas que passaram mal e precisaram sair carregadas de sua sessão de cinema. Uma fama que o precedeu aqui no Brasil, entregando muitas promessas, mas, infelizmente, poucos momentos de fato assustadores.


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Embora explore a temática do terror religioso — que costuma ser controversa e causar reações acaloradas —, nada aqui é muto diferente do que já vimos em outros títulos do gênero e os desconfortos gerados pelo filme são, em sua maioria, resultado do gore
e da clara tentativa de chocar o espectador.

Um chamado divino

Dirigido por Michael Mohan, que já trabalhou com Sweeney em The Voyeurs
, e co-produzido pela própria produtora da atriz, a Fifty-Fifty Films, Imaculada
segue os passos de Cecilia, uma jovem que sobreviveu a um afogamento quando era criança e por isso acredita estar predestinada a um propósito divino.

Muito devota à religião, mas ainda uma noviça, ela decide aceitar o convite de um padre para se mudar para Roma, morando em um convento que acolhe freiras moribundas em seus últimos dias de vida. No local, ao lado de outras recém-chegadas, ela faz seus votos de pobreza, castidade e obediência e passa a viver uma vida reclusa, em que só tem contato com as outras irmãs, o padre Sal e o médico da abadia.

Conforme os dias passam no convento, Cecila começa a ter estranhas visões e se sentir perturbada por pesadelos e pelos olhares que recebe de outras madres. Uma situação que se torna ainda mais complicada, quando após ficar enjoada, ela descobre estar grávida, mesmo nunca tendo tido uma relação sexual.

Tratada por todas ao seu redor como a nova Virgem Maria, ela se vê cada vez mais envolvida naquilo que parece uma conspiração religiosa e que a faz temer por sua vida e pela vida de outras feiras do convento.

Um filme feito para chocar

Embora consiga desenvolver com clareza sua história e explorar muito bem seus elementos e símbolos religiosos, Imaculada
peca em criar um clima verdadeiramente aterrorizante para a trama, fazendo com que o telespectador fique curioso para ver seu desfecho, mas não necessariamente assustado com seus acontecimentos.

Diferente de outros filmes de terror psicológico em que é preciso até segurar a respiração com medo da próxima cena, o longa-metragem pende muito mais para o suspense do que para o gênero propriamente dito, usando e abusando do gore (o que inclui muito sangue e cenas de tortura) para desenvolver a sua história.

Essa clara intenção de chocar acaba soando cansativa depois de algum tempo, ainda que todas as cenas tenham coerência e façam algum sentido dentro da trama. Nada aparece sem explicações, mas a própria cena final do longa-metragem, ainda que seja bem interessante, perde muito de seu impacto por já termos visto tantas imagens repulsivas anteriormente.

Em meio a tudo isso, Sydney Sweeney se sai muito bem como a protagonista do filme. Longe de ficar em uma nota só, a atriz faz o melhor que pode com o papel que lhe foi dado e, principalmente, com o desenvolvimento de sua personagem.

Indo de uma ingênua e bondosa garota a uma mulher desesperada e confrontada com um lado obsessivo e sádico da religião, ela mostra que consegue mesmo transitar entre diferentes gêneros e faz muito bem o papel de uma alma perdida que navega entre o sagrado e o profano.

Com uma história interessante, que verdadeiramente explora o mundo religioso e não é apenas ambientada em um convento, Imaculada
é aquele tipo de filme que consegue capturar a atenção da audiência e criar uma curiosidade forjada a partir do sombrio e incompreensível.

Isso não significa, porém, que o filme, consiga fazer isso de maneira fluida, envolvendo o telespectador sem que ele perceba. O que vemos aqui é uma clara tentativa de impressionar a audiência com cenas gráficas, milimetricamente calculadas para estarem ali.

Para quem, é claro, busca um filme de terror para assistir em uma noite gelada e sair impressionado da sessão pipoca, não há nada de errado com essa intenção. Mas é notório que para um título que prometia tanto, falta aqui uma atmosfera e construção de história mais aterrorizantes, que consigam deixar o público abalado não apenas pelo que vê, mas também pelo que sente.

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