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Crítica A Fuga das Galinhas 2 | Filme é uma crítica social com gosto de infância

Diandra Guedes

Crítica A Fuga das Galinhas 2 | Filme é uma crítica social com gosto de infância

Quem foi criança nos anos 2000 certamente assistiu — ou pelo menos conhece — ao filme A Fuga das Galinhas
. Criado totalmente em stop motion, ele foi um dos grandes sucessos da década e se tornou um clássico com o passar dos anos, além de ser uma das maiores bilheterias do gênero. E para felicidade de muitos, agora em 2023, a Netflix
lança a tão aguardada continuação. Chamada de
A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets

, o filme tem um sabor de infância e ainda faz uma excelente crítica social sobre as famosas “fazendas felizes”.

A trama começa fazendo um breve resumo do filme anterior — uma ótima estratégia para aqueles mais esquecidos que não se lembram bem como a história, lançada há 23 anos, atrás terminou. Em seguida, vemos que todas as galinhas agora vivem livres em uma espécie de ilha, um paraíso aviário.

Ginger e Rocky estão juntos e acabam de chocar Molly, uma pintinha que tem a personalidade questionadora igual à da mãe. Só que é justamente por não aceitar qualquer resposta que a mocinha decide sair dos limites da ilha e conhecer uma granja cheia de galinhas felizes.


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Lá, ela descobre um mundo cor-de-rosa no qual escorregadores, arco-íris e comida à vontade fazem parte da sua rotina, só que logo descobre que o comportamento de todas que estão ali é muito estranho, como se elas estivessem dopadas.

Tecendo uma crítica clara às empresas alimentícias que vendem o modelo “fazenda feliz” no qual não há maus tratos animal, o filme mostra que a realidade não é bem assim e que, mais uma vez, o ser humano está interessado apenas no lucro. Esse modelo de granja se popularizou nos últimos anos e foi estrategicamente usado para atrair pessoas que consomem ovos ou carne de frango, mas que são contra a crueldade com os bichos.

E vale falar que essa não é a primeira vez que A Fuga das Galinhas
toca num dilema da sociedade. Quem assistiu ao primeiro filme sabe que ele alfineta os moldes de produção em massa e ainda mostra que quando o proletariado se une é capaz de incitar uma revolução. Não à toa o filme é chamado de comunista por uns e outros. A verdade, no entanto, é que, com esse viés questionador, a saga não assume unicamente o papel de animação infantil e se torna uma excelente opção também para os adultos.

Filme traz a mesma estrutura narrativa, mas continua atrativo

E por falar em boa opção, cabe dizer que A Ameaça dos Nuggets
não traz uma narrativa muito inovadora e segue o mesmo modelo do primeiro: um bando de galinhas que têm que lutar contra a malvada Sra. Tweedy. Ainda assim, o longa consegue ser interessante e prender a atenção do público por toda a trama.

A novidade fica por conta dos desafios que os animais têm que enfrentar para entrar na granja feliz, além da adição da amiga de Molly na trama. Rocky também está mais descontraído e engraçado, o que torna tudo ainda melhor. Os dois ratos também se destacam, especialmente quando se emocionam ao serem chamados de “tio” pela pintinha sapeca.

Já falando na animação em si, o stop motion do filme é mais uma vez um show à parte. É delicioso ver um desenho que fuja dos padrões “tradicionais” e entregue uma história tão bem feita. Valeu a pena esperar por tantos anos!

Nem só de passado vive o homem!

Agora falando dos pontos que deixaram a desejar, é preciso dizer que, embora
A Ameaça dos Nuggets

faça uma boa homenagem aos filmes de ação com tomadas clássicas, o enredo em si poderia ter sido mais bem trabalhado.

Ora, como dito anteriorment,e ele é, de fato, interessante, mas o filme demorou nada menos que 23 anos para sair do papel e, ao final, entrega uma trama que simplesmente reverte o argumento principal. No primeiro, as galinhas fogem da granja para se salvar (daí a justificativa do título) e, no segundo, elas se esforçam para entrar na granja e salvar Molly e suas amigas. Faltou novidade, e ficou claro que os roteiristas se apoiaram apenas na nostalgia para fazer a trama acontecer.

E como termina dando indícios que a saga pode ganhar um novo filme no futuro — ou seria uma série? — é preciso ter em mente que nem só de passado vive o homem e que não dá para criar uma franquia inteira baseada nele.

Deixando esses pormenores de lado, A Fuga das Galinhas 2
é, sim, um filme divertido, leve e crítico na medida. Quem quiser assisti-lo, já o encontra na Netflix
.

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.

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