quarta-feira, 2 de outubro de 2024
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Como marcas pequenas podem sobreviver em um mundo de TikTok e Reels?

Bruno De Blasi

Como sobreviver nesse mundo de dancinhas e vídeos curtos?

Outro dia, me peguei rolando o feed do Instagram e, sem perceber, passei quase uma hora vendo vídeos curtos e aleatórios. Eu sei, eu sei… Não sou só eu! Hoje, todo mundo está disputando segundos da nossa atenção, e as  redes sociais se tornaram verdadeiros campos de batalha. Não é à toa que dizem que vivemos na “economia da atenção”, um lugar onde nosso bem mais precioso não é o dinheiro, mas sim os cliques, os likes e, principalmente, os minutos (ou segundos) que conseguimos manter alguém engajado. E é aí que surge um grande desafio para os pequenos  empreendedores: como se destacar e não ser apenas mais um post perdido entre dancinhas e memes?

Imagine que você é dono de uma pequena padaria de bairro e está competindo com um gigante do mercado que tem milhões de dólares para gastar em campanhas. Parece injusto, né? Mas a verdade é que o jogo mudou. Se antes, para ter sucesso, bastava fazer um bom pãozinho e contar com a sorte dos clientes passarem pela porta, hoje é preciso uma estratégia quase de guerrilha para chamar atenção em meio ao caos digital. E, sem grana para investir em superproduções, como as marcas menores estão se virando? A resposta está na criatividade e no poder de conectar com autenticidade.

Enquanto as grandes empresas apostam em vídeos ultra produzidos e roteirizados, muitas marcas pequenas estão descobrindo que autenticidade é o novo “luxo”. Em vez de tentar vender seus produtos de forma óbvia, algumas empresas começaram a contar histórias divertidas do dia a dia, a mostrar os bastidores do negócio e a interagir com o público de maneira genuína. E o curioso é que esses conteúdos, feitos de forma mais simples e até improvisada, acabam se destacando porque não parecem uma tentativa de venda.

Um exemplo prático é o uso das redes para construir uma comunidade em torno de um propósito. Negócios locais, por exemplo, não precisam de milhões de seguidores para criar impacto. Basta uma pequena tribo de fãs engajados que se sintam parte de algo maior. Quem nunca viu aquele restaurante pequeno que sempre responde aos comentários dos clientes com um meme ou faz brincadeiras nos stories, e acaba criando um senso de pertencimento que é quase impossível para marcas gigantes alcançarem?

Outro ponto é que as marcas menores têm a liberdade de experimentar sem medo de errar. No Instagram e no TikTok, por exemplo, vemos vídeos de pequenos negócios testando tendências, usando músicas populares ou até parodiando situações cotidianas que o público vive. Um vídeo de 15 segundos, mesmo com uma produção caseira, pode fazer maravilhas. E, diferente das grandes empresas que precisam de um “ok” de várias camadas de gestão para publicar algo, os pequenos têm agilidade. Se algo viraliza, dá para reagir rapidamente e aproveitar o momento — uma vantagem que muitos subestimam.

Essa agilidade é o que permite às pequenas empresas adaptar o conteúdo ao formato que as redes sociais pedem. Enquanto grandes marcas produzem vídeos longos e super elaborados, muitos pequenos negócios viralizam mostrando um “faça você mesmo” ou uma receita rápida. A sacada está em oferecer algo útil, algo que faça a pessoa pensar: “Poxa, que legal, não sabia disso!”, e então ela compartilha com os amigos. É o famoso marketing boca a boca, agora em versão digital e instantânea.

E não se trata apenas de ser engraçado ou divertido. A utilidade também é um imã poderoso de atenção. Negócios que compartilham dicas práticas — como uma loja de cosméticos ensinando maneiras criativas de usar os produtos ou uma pequena marcenaria mostrando tutoriais de conserto — estão atraindo milhões de visualizações. Essas marcas estão construindo uma audiência fiel não por vender, mas por agregar valor ao dia a dia das pessoas. E é justamente esse valor agregado que transforma seguidores em clientes.

Mas não é só o formato que importa; é o contexto. As marcas precisam falar a língua do público. Em vez de criar anúncios formais, que tal fazer um vídeo que brinque com as tendências do momento? Como, por exemplo, adaptar um meme famoso para encaixar seu produto de um jeito leve. Ou usar uma música viral de fundo enquanto você mostra os bastidores da sua produção. Quem acerta nesse tom gera conexão instantânea e, mais importante, parece menos “marca” e mais “gente como a gente”.

No fim das contas, a economia da atenção é um jogo de relevância e conexão. E aí é que as pequenas marcas têm uma vantagem que muitas vezes subestimam: a capacidade de ser real. Elas têm o poder de criar um relacionamento direto com cada seguidor, cada cliente. Podem responder comentários como se estivessem falando com um amigo. Podem mostrar vulnerabilidade, contar sobre os desafios e até errar em público — algo impensável para grandes corporações.

Então, como sobreviver nesse mundo de dancinhas e vídeos curtos?

Simples: sendo autêntico, criando uma comunidade engajada e oferecendo algo que realmente valha a pena. Se as grandes empresas têm grana para bancar campanhas espetaculares, as pequenas têm a capacidade de ouvir, de conversar e de ser algo que as pessoas querem ver — não porque foram convencidas a ver, mas porque elas sentem que aquilo realmente faz parte da vida delas.

Em um cenário onde cada segundo importa, as marcas pequenas não precisam gritar mais alto. Elas só precisam falar de um jeito que as pessoas queiram escutar. E, muitas vezes, o segredo está na simplicidade: mostrar que, por trás de um negócio, existe gente de verdade, fazendo algo com paixão. Afinal, autenticidade não é algo que se fabrica — é algo que se sente. E, no final das contas, é isso que nos faz parar, mesmo que só por alguns segundos, para ouvir o que aquela marca tem a dizer.

Gustavo Caetano  é empreendedor, palestrante e autor de best sellers!

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