quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

Cidades na China estão afundando de forma acelerada

Fidel Forato

Cidades na China estão afundando de forma acelerada

Quase metade das grandes cidades da China, com mais de 2 milhões de habitantes, estão afundando em ritmo acelerado. O fenômeno em si, conhecido como subsidência do solo, não é o que impressiona — problemas do tipo também ocorrem nos EUA, Holanda e México —, mas a velocidade. Cerca de 45% das terras urbanas do gigante asiático afundam mais rápido do que 3 milímetros por ano.

Entre as cidades chinesas afetadas pelo processo de afundamento, estão: Xangai, Pequim e Tianjin. Inclusive, 3 mil moradores de Tianjin foram evacuados de suas casas por causa de um “desastre geológico repentino” — um forma de afundamento —, atribuído à extração de águas subterrâneas e à perfuração de poços geotérmicos
, no ano passado.

Embora o caso de Tianjin seja um evento relativamente isolado e extremo, já que a maior parte das regiões afunda de forma mais gradual, sem choques, ambos os fenômenos têm uma mesma causa: a ação humana. É o que aponta estudo recém-publicado na revista Science
.


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O processo de subsidência “é um problema nacional”, afirma Robert Nicholls, cientista climático e engenheiro civil da Universidade de East Anglia, para o jornal The New York Times
. Nicholls não participou da pesquisa sobre a China, mas revisou os resultados para a publicação do artigo.

Por que a China afunda?

Para medir como as cidades estão afundando na China, os pesquisadores usaram imagens de satélite captadas entre os anos de 2015 e 2022, o que permitiu a equipe rastrear os níveis de deformação do solo. No total, áreas de 82 cidades foram analisadas.

Segundo os autores, cerca de 40% das regiões observadas sofrem diferentes níveis de afundamento, com intensidades moderada a grave. Dentro desse recorte, 45% afundam mais de 3 milímetros por ano, enquanto 16% afundam impressionantes 10 milímetros por ano.

A causa da maior parte da subsidência está relacionada com a atividade humana. É como se, conforme as cidades chinesas crescem, mais elas afundassem. No entanto, diferentes atividades provocam esse processo, como:

  • Peso dos edifícios e construções;
  • Bombeamento de água dos aquíferos subterrâneos
    das cidades;
  • Perfuração do solo para extração de petróleo e outros materiais;
  • Mineração de carvão;
  • Atividades para produção de energia, como campos geotérmicos;
  • Sistemas de transporte urbano.

Risco extra nas regiões costeiras

Embora as cidades afundem em diferentes pontos da China, o risco maior está relacionado com as regiões costeiras, que já estão em pontos mais próximos ao nível do mar. Então, o afundamento é mais preocupante.

Aqui, vale lembrar que, com o avanço das mudanças climáticas e o derretimento das geleiras, o nível do mar vai subir em todo o planeta, como apontam diferentes relatórios
.

Neste cenário, os pesquisadores estimam que, em 100 anos, um quarto das terras costeiras urbanas ficará abaixo do nível do mar — isso será parcialmente provocado pelo efeito da subsidência. No entanto, existem possíveis soluções.

Soluções para crise na China

Para combater o afundamento das cidades chinesas, Xangai é pioneira em limitar a extração das águas subterrâneas, um dos fatores que acelera o processo. No Japão, medida semelhante resultou na estabilização da subsidência observada em Tóquio e Osaka. Outra estratégia seria encher novamente os aquíferos, “tapando” os buracos que permitem o afundamento.

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.

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